VIETNAME
Se juntarmos uma longa história de
colonizações, opressão, uma cultura 100% comunista num país que passou por duas
graves guerras, uma das quais traumática, que vive da agricultura e da mão de obra que é hoje em dia o que em todo o Mundo mais cresce anualmente, temos o Vietname. E
se a isso juntarmos um boom turístico como em poucos lugares do Mundo terá
havido nas últimas décadas, temos o Vietname de hoje em dia.
Nisto tudo se resume o Vietname, e isso traduz-se em coisas boas
e más.
Talvez pela última razão apresentada, o boom turístico, não estivesse tanto entusiasmado como quando fui a outros lugares. Este sentimento estendia-se também aos restantes países do Sudeste Asiático, que estava prestes a visitar.
A maioria dos lugares a que tenho ido são únicos, pouco conhecidos, e tive que conhecer, procurar informações, orientações, etc. Aqui, tudo está ao virar da esquina, basta escolher de uma brochura o que queremos fazer numa das milhares de agências que há em qualquer rua. Se na grande maioria dos sítios fui surpreendido pelo que fui vendo, aqui isso não era possível, pois tenho visto ano após ano fotografias e álbuns de pessoas que andaram por aqui.
Talvez pela última razão apresentada, o boom turístico, não estivesse tanto entusiasmado como quando fui a outros lugares. Este sentimento estendia-se também aos restantes países do Sudeste Asiático, que estava prestes a visitar.
A maioria dos lugares a que tenho ido são únicos, pouco conhecidos, e tive que conhecer, procurar informações, orientações, etc. Aqui, tudo está ao virar da esquina, basta escolher de uma brochura o que queremos fazer numa das milhares de agências que há em qualquer rua. Se na grande maioria dos sítios fui surpreendido pelo que fui vendo, aqui isso não era possível, pois tenho visto ano após ano fotografias e álbuns de pessoas que andaram por aqui.
Parece igualmente que em Portugal se tornou num hábito viajar
pelo Sudeste Asiático. Todos os anos vejo vários grupos de amigos a vir aqui e
acredito que pelo menos metade das viagens feitas por jovens Portugueses sejam
nesta zona, o que obviamente não anula a enorme beleza e interesse deste
destino. Apenas impede que seja visitado da melhor maneira.
Não há hipótese de fugir às enchentes e à mentalidade de aproveitamento local que isso atrai. Os lugares mais bonitos estão todos "ocupados" e "gastos", aquilo que vale a pena visitar já foi há muito descoberto pelo Mundo.
Isto era o prenúncio do que ia ser a minha experiência aqui. O Vietname (e seus vizinhos) é um dos destinos mais procurados e percorridos não só por Portugueses como por pessoas de todo o Mundo, principalmente Ingleses e Australianos.
Não há hipótese de fugir às enchentes e à mentalidade de aproveitamento local que isso atrai. Os lugares mais bonitos estão todos "ocupados" e "gastos", aquilo que vale a pena visitar já foi há muito descoberto pelo Mundo.
Isto era o prenúncio do que ia ser a minha experiência aqui. O Vietname (e seus vizinhos) é um dos destinos mais procurados e percorridos não só por Portugueses como por pessoas de todo o Mundo, principalmente Ingleses e Australianos.
Adorei ver alguns dos sítios por onde passei. O Vietname tem de
facto uma beleza natural incrível, como poucos países têm. Mas no geral a minha
experiência foi assim-assim. A razão principal foi a que expliquei, mas também
fiquei muito desiludido com as pessoas no país. Pensei que seriam como grande
parte dos Asiáticos: prestáveis, honestos e um povo simpático. Não achei nada
disso. São todos gananciosos, preocupados apenas com o dinheiro e consigo
próprios, não olhando a meios para conseguirem lucrar mais um bocado.
Em qualquer lugar onde fosse comprar comida, fazer um passeio ou
um tour organizado, hotéis, taxis, etc. senti que por ser turista se tentaram
aproveitar de mim. Obviamente tenho alguma experiência e raramente permiti que
isso acontecesse, mas estar num país onde não é possível estar descansado, sem
stress e sem ter que obrigar qualquer pessoa a cobrar o preço real é muito
negativo. Para além disso, em qualquer rua era abordado por dezenas de
vendedores de fruta, bebidas, taxistas, crianças a vender pulseiras e até
pessoas que se ofereciam para dar indicações esperavam dinheiro.
Tirando isso, o país tem tudo para ser um destino de sonho:
paisagens extraordinárias, transportes e comunicação de qualidade de topo, e é
muito, muito barato (quem conseguir não ser aldrabado).
Viajei pelo Vietname de Sul para Norte. Comecei por conhecer Ho
Chi Minh City (Saigão) e depois comecei a subir até chegar à capital, Hanoi.
O roteiro foi Ho Chi Minh (Saigão) - Nha Trang - Hoi An - Hue - Phong Nha - Hanoi - Halong Bay - Hanoi - Sapa.
O roteiro foi Ho Chi Minh (Saigão) - Nha Trang - Hoi An - Hue - Phong Nha - Hanoi - Halong Bay - Hanoi - Sapa.
Desta vez decidi fazer a lista dos sítios onde estive pela ordem
de preferência e não por ordem cronológica.
SAPA - O melhor do Vietname!
Sapa é uma pequena
aldeia no Norte do Vietname, junto à China, que podia ser em Portugal. As
pequenas casas e praça principal fazem lembrar as aldeias do Norte e Interior do nosso
país. A diferença é quando se sai do centro. Sapa está rodeada de montanhas.
Para lá chegar é preciso fazer uma “escalada” numa estrada em fracas condições
e cheia de curvas.
Fui de autocarro
para aqui, vindo de Hanoi. Supostamente seria uma viagem que demoraria 12
horas, durante a noite. Muito estranhamente, o autocarro chegou duas horas mais
cedo, coisa rara! Acontece que eram 4.45 da manhã e não fazia ideia onde ir.
Normalmente os autocarros no Vietname são invadidos por donos de hotéis e
comissionistas à chegada, mas como tínhamos chegado cedo demais, não estava lá
ninguém. Andei à procura de um hotel, mas por sorte encontrei uma pequena tasca
local onde estava a começar um jogo do Mundial, ainda por cima era a Argentina
que jogava.
Ficando dia,
encontrei finalmente um sítio para ficar, um simpático hotel onde aluguei uma mota para andar a passear nestes dias.
Sapa acabou por
ser a melhor paragem em todo o Vietname. Primeiro, (ainda) não está
completamente estragada pelo turismo. Em todo o lado se vê visitantes, mas por
enquanto não há agências, lojas e negócios para turistas em qualquer esquina.
A beleza de Sapa
são as montanhas que rodeiam este sítio. Nestas montanhas estão alguns dos
maiores e mais bonitos campos de arroz do Mundo. Passeando pelas estradas e
curvas infinitas, passamos por cenários dignos de revista, inesquecíveis.
Nestes dias tive a
companhia de um grupo de outros turistas, que me acompanharam em alguns destes
passeios, mas a melhor experiência para mim foi quando decidi ir à aventura
sozinho, guiar pelos caminhos das montanhas sem destino. Aqui descobri
paisagens sem descrição. Entrei pelas pequenas aldeias, andei no meio dos
campos e plantações de arroz e almocei num dos restaurantes com a vista mais privilegiada do Mundo.
O início do passeio |
HALONG BAY
De Hanói, capital do Vietname parti para um passeio de 3 dias até
Halong Bay, uma baía repleta de pequenas ilhas (quase 200) que parece fazer
parte de um filme de ficção, não parece real. Estas pequenas ilhas são gigantes
pedaços de pedra e vegetação que dão a ideia que nascem do fundo do mar.
Tentei tirar fotografias que demonstrassem o bonito que é, mas
creio que as fotografias não fazem justiça à beleza deste cenário, não é
possível transmitir o impacto e beleza que têm na verdade.
Mas, como tudo no Vietname, Halong Bay está
completamente repleta de turistas. Milhares de barcos e centenas de milhares de
turistas enchem e sujam uma das zonas mais bonitas do Sudeste Asiático.
Este é
um destino obrigatório para quem visita o Vietname, e a maioria das pessoas faz
o mesmo programa que eu fiz: o primeiro dia e primeira noite são passados num
barco, a circular no meio das ilhas e a visitar uma enorme gruta, passear numa
praia e saber como são feitas as pérolas de ostra no Vietname. É um programa
completamente turístico, uma máquina que dia após dia recebe visitantes de todo
o Mundo, mas que vale sem dúvida a pena.
O segundo dia e noite foram passados numa ilha, num resort
surpreendemente agradável e tranquilo, a passear de kayak, dar toques numa bola e a
relaxar! A universalidade do futebol é tanta que nesta ilha remota quase toda a
gente acordou às 5 da manhã para ver o jogo Inglaterra-Itália.
Lua cheia |
DMZ - DONG HOI
Aquilo que mais me fascinava no Vietname, aquilo que mais queria
ver e conhecer era principalmente a história da guerra. Apesar de ser um país
com inúmeras atracções e beleza natural, isso também existe, muitas vezes mais,
noutros países. Sendo assim, preferi vir aqui para a isso juntar a experiência
de estar no país onde teve lugar uma das mais infames guerras da história.
Conhecia aquilo que vi em filmes, mas pouco o nada sabia sobre a história e
factos, e queria ver com os meus próprios olhos.
Resumidamente, para aqueles que não sabem (esta é a minha
interpretação e conclusão da história, pelo que pode ser diferente de outras):
o Vietname estava, depois de conseguir independência da França, dividido em
dois, Norte e Sul. No Norte tinham uma visão Comunista, no Sul religiosa. O
Norte quis tornar todo o país num só sob os seus valores, e começou a invadir o
Sul com o apoio de armamento vindo da União Soviética e China. Os Estados
Unidos intervieram, e para prevenir um posse por parte dos Comunistas, apoiaram
o Sul com armas mas também tropas. No Sul, protegiam os alvos dos Viet Minh
(Norte) mas também se focaram em atacar estas tropas, muitas vezes disfarçados
de civis e usando tácticas de guerrilha em vez de guerra normal. Estes eram os
Viet Congs. Muitos dos Viet Congs eram traidores do Sul que se dedicaram a
ajudar o Norte, e causaram muitas mortes aos EUA e Sul-Vietnamitas. As tácticas
usadas por estas tropas eram completamente loucas, e iam desde armadilhas
fatais, tortura, a esconderijos onde ficavam dias após dias e de onde matavam
quem passasse. Por esta razão, pela incerteza de poderem morrer ou ser
torturados em cada passo que davam, muitos soldados Americanos ficaram doentes
mentalmente, paranoicos, e centraram as atenções em acabar com os Viet Congs,
custasse o que custasse. Isso fez com que ardessem aldeias inteiras, matassem civis
em interrogatórios para descobrir paradeiro dos seus familiares VC (Viet Congs)
e torturassem os VC que encontravam, perdendo muitas vezes o discernimento e as
noções sobre a razão de estarem ali. Agora percebo porque é que tantos
veteranos Americanos são doentes e têm tantos problemas de Stress
Pós-Traumático.
Houveram durante mais de 10 anos várias batalhas, mas algumas das
principais aconteceram na chamada DMZ – Demilitarized Zone – Zona
desmilitarizada. Este era o nome curioso da zona onde houve mais conflito, mas
que foi dado aquando dos combates Norte-Sul.
Esta era a zona que oficialmente fazia a fronteira entre o Norte e
o Sul, mas que aos poucos começou a ser ocupada por uns e pelos outros, até ser
campo de batalha oficial. Aqui foram usados os famosos gases químicos que os
Americanos deitaram nas montanhas de forma eliminar toda a vegetação e aumentar
visibilidade. Estes químicos, incluindo o famoso Agent Orange que até hoje
afecta milhares de Vietnamitas, arrasaram por completo a região, hoje 90%
renascida. Também restam poucas referências e evidências do tempo da guerra,
apenas pequenos museus, memoriais e uma enorme carga emocional, pois estamos no
preciso lugar onde há 30 anos milhares e milhares de pessoas perderam a vida.
Seria impossível circular nesta zona nesta altura, tal era a intensidade da
luta e bombardeamentos dia e noite.
De quando a quando é frequente encontrar vestígios de guerra, como
tanques ou aviões nos mais diversos lugares onde se passa. Também bombas vazias
ou armas e roupa foram sendo deixadas um pouco por todo o lado. Até hotéis
exibem restos de bombas e é possível passar por tanques abandonados à beira da
estrada.
Uma das aldeias que visitei, hoje em dia reconstruída, foi Kha
Sanh. Na altura era uma grande base Norte Americana, que os Viet Minh, do
Norte, cercaram durante 70 dias e atacaram, matando milhares de soldados. O
presidente Americano decidiu concentrar aqui todas as forças, desleixando
outras bases e cidades. Isso fez com que os Viet Minh explorassem essas áreas e
dessa forma conquistarem Saigão, o que fez com que vencessem a guerra.
Visitando o Vietname, consegui concluir:
Cada um tem a sua versão da história do que na verdade aconteceu. Os Americanos defendem que estavam a proteger o país da opressão e do comunismo, os Norte-Vietnamitas defendem que foram atacados pelos Americanos sem qualquer causa usando um discurso de tal forma sonso que não sei como alguém toma o seu partido. As verdades infelizmente são estas: centenas de milhares de pessoas perderam a vida; e muitos sofrem ainda hoje em dia com traumas e mazelas permanentes.
Foi uma grande experiência poder estar aqui e
conhecer esta história.
Nesta noite fiquei a dormir numa pequena aldeia que fica junto à DMZ, chamada Dong Ha. Foi a primeira aldeia não turística onde consegui ficar.
Pela primeira vez no Vietname senti que consegui fugir aos turistas e ao roteiro óbvio (a maioria das pessoas quer paisagens e vistas). Não vi qualquer sinal de estrangeiros, nem agencias. Voltei a dormir num albergue duvidoso parecido com os do Sri Lanka e África e isso fez-me sentir contente!
Talvez por estar numa aldeia tão pequena tenha tido tanta dificuldade em arranjar um restaurante: só após uma longa caminhada de 40 minutos consegui encontrar um sitio para jantar que cheirava a casa de banho de discoteca. Durante todo o jantar, tive a família dona do restaurante a olhar fixamente para mim, e os seus cães a cheirar-me. Esta foi provavelmente a minha última experiência genuína, não turística da viagem, pois pelo que tenho visto no Sudeste Asiático são difíceis de encontrar.
Nas campas diz "nome desconhecido"! |
Uma das montanhas destruidas pelos químicos, agora com vida novamente |
O rio que dividia o Norte e o Sul |
Tanque à beira da estrada |
Túneis onde os locais se protegiam |
As minhas amigas novas |
Pai e filho na sua loja, ao mesmo tempo era a sua casa |
Larvas ou sapos? |
PHONG NHA
Phong Nha é um Parque Nacional que fica a sul de Hanoi, no centro
do Vietname.
Em 2009, investigadores Ingleses descobriram aqui o maior sistema
de grutas do Mundo, com 130 quilómetros! Visitei uma parte dessas grutas,
entrando para dentro de uma enorme rocha de barco. Lá dentro era um imenso
espaço, a gruta era impressionante! Depois de circular de barco por umas largas
centenas de metros, entrei numa “praia” dentro da gruta onde circulei por mais
umas centenas a pé. Estar dentro desta gruta foi espectacular! Era enorme, sem
dúvida a maior, mais bonita e mais impressionante onde estive.
Nesse mesmo dia fiquei à espera do autocarro que me levaria até Hanoi. Enquanto esperei durante mais de 6 horas,
espreitei um restaurante para comprar uns snacks para o caminho. Entrei no
restaurante e fui olhado fixamente por um pequeno cão. Quando estava a sair, o
cão continuava a olhar e quando passei por ele, decidiu atacar-me. Felizmente
era tão pequeno que a boca nem metade da minha perna ocupava, portanto não
conseguiu fazer ferida, mas chegou para um pequeno susto!
Também à saída do
restaurante, reparei num grupo que se tinha juntado à frente de dois autocarros
que pareciam novos, cheios de oferendas, incenso e a orar. Perguntei o que se
passava, e disseram-me que estavam a abençoar os autocarros, para os
protegerem.
Entrada para a gruta |
A navegar dentro das grutas |
Depois restou-me uma longa espera de 6 horas pelo autocarro |
As oferendas na benção dos autocarros - de seguida foi tudo queimado! |
CAMINHO HOI AN - HUE
Esta parte da viagem fiz, por recomendação do meu amigo Kiko CB, de mota. Era um caminho de 4/5 horas que pode ser feito de autocarro, mas algumas pessoas fazem de mota pois passa por sítios incríveis. A primeira parte da viagem foi feita na costa, junto à praia, passando por vilas piscatórias e pequenas aldeias. De seguida comecei a subir uma montanha parecida com a Serra da Arrábida, cheia de curvas e contracurvas, com vistas deslumbrantes. Aqui quase fiquei sem gasolina! Depois da montanha passei para uma enorme recta de 70km onde passei por inúmeras aldeias enquanto conduzia no meio dos grandes camiões e milhares de motas, rodeado de campos de arroz e animais.
Estas 5 horas de passeio terminaram num Templo e Pagode Budista em Hue junto a um grande lago. Foi um óptimo passeio, que me vai deixar grandes recordações, como em practicamente tudo nesta viagem!
Chegada a Hue |
Cenário na chegada |
NHA TRANG
Esta foi a minha terceira paragem no Vietname, mas a primeira a uma longa distância.
Apanhei o autocarro nocturno de Ho Chi Minh City (Saigão) que me ia levar até Nha Trang, uma viagem de 10 horas. Não estava nada à espera do que vi quando entrei no autocarro: um autêntico lounge com lugares deitados para todos. Nas cadeiras estavam mantas e água à nossa espera e tinha internet wireless disponível. Um luxo de autocarro. Foi o meu primeiro no Sudeste Asiático e pelo que me foi dito grande parte deles são assim.
Depois das 10 horas de viagem que fiz a dormir ferrado, cheguei a Nha Trang e entrei no hostel que entretanto escolhi. Quando entrei no quarto percebi que provavelmente deveria ter procurado melhor, pois era uma camarata com 38 camas, em que practicamente só via vietnamitas.
Fui dar uma volta pela cidade, supostamente um dos melhores destinos de praia do Vietname e uma cidade perfeita para relaxar onde ia aproveitar para isso mesmo.
Depois de umas voltas, senti-me como se tivesse chegado a uma Quarteira ainda mais confusa, a juntar ao stress Asiático, apetrechada de Russos, onde até os letreiros e taxis são feitos para eles, no seu idioma.
A praia essa sim era perfeita, parecida com as praias da Comporta. Rodeada de montanhas e com uma praia de água azul, calor e tudo o que se pode querer em férias, esta cidade tinha tudo para ser das melhores do Mundo, mas provavelmente terá sido mal planeada e a praga de locais aldrabões e ladrões que a enchem torna-a pior. Marquei logo o próximo autocarro para seguir viagem nesse mesmo dia ao final da tarde. Tinha então umas 9 horas para aproveitar aqui. Fui para a praia descansar e almoçar até ao início da tarde. Quando fui ao hostel aproveitei para fazer conversa e conhecer alguns dos vietnamitas que estavam na minha camarata. Todos muito simpáticos, gostaram que tivesse ido conversar consigo. Quando lhes disse que era Português, disseram que tinham um jogo de futebol essa tarde, e perguntaram se queria ir jogar com eles. Eu disse claro que sim. Achei que ia dar uns toques com eles na praia ou assim, mas quando chegou a hora combinada e voltei ao quarto, vi-os a prepararem-se, a preparar sacos, ligaduras, etc. Perguntaram se eu precisava de chuteiras e eu pensei para mim "chuteiras!?". Descemos juntos e na recepção esperava-nos uma carrinha. Entrei junto dos meus novos companheiros de equipa, e fomos para um campo municipal com um relvado de 11 para 11 mal tratado mas que chegava perfeitamente. Já não jogava há algum tempo e apetecia-me imenso. Perguntaram onde jogava melhor e eu disse à baliza, por isso fui o Guarda-redes de serviço. Quando chegámos, um deles abriu um saco que tinha e começa a distribuir os equipamentos. Camisolas da selecção do México com o nome da equipa nas costas. Calções, meias e até braçadeira de capitão. Era uma coisa à séria! Ia jogar numa equipa amadora de Ho Chi Minh City que tinha viajado 10 horas para fazer este jogo. Jogavam contra a equipa local, numa partida a contar não percebi para quê, mas era uma de 42 que fazem pelo país todo durante todo o ano! Só agora percebia a importância deste jogo para eles. Achei que ia dar toques na praia e acabei a dar um aperto de mão ao árbitro e aos fiscais de linha, também eles equipados a rigor, e a tirar fotografias de equipa. Até alguns adeptos se juntaram para assistir ao jogo. Começou a partida. Muitos dos meus companheiros só falavam Vietnamita e era difícil entendermo-nos, por isso quando me queriam tentar dizer qualquer coisa importante, chamavam-me "Doh'!" (de FernanDOH). Passei uma grande tarde na companhia dos Giang Viet FC, a minha nova equipa do Vietname! Só tive pena de ter que ir embora entretanto porque tinha que apanhar o autocarro para sair de Nha Trang, e ter perdido a terceira parte, quando as equipas se juntaram a beber cerveja e a conviverem. Mas foi uma óptima experiência!
Dentro do autocarro |
HOI AN
Apanhei então o autocarro, desta vez foram 12 horas e só não foi
tão bom porque fui na primeira fila e o motorista decidiu ir o caminho todo a
ouvir trance vietnamita um pouco alto.
Hoi An é uma vila típica Vietnamita, algo turística, com pequenas ruas, bem arranjadas e limpas, e um mercado no centro. Tem também alguns templos e locais históricos, e toda a vila é ladeada por um bonito rio. O que mais gostei aqui foi da comida. Até agora o Vietname não me estava a convencer em termos gastronómicos, e mais tarde percebi que está dividido em zonas, e mais para cima é onde é melhor. Acabei por não ficar agradado com nada particularmente em nenhuma cidade, pois o que eles comem, basicamente, são Noodles sem sabor ou Crepes, frango e legumes fritos. Nada me surpreendeu, ao contrário de todos os países onde tenho ido.
Hoi An é uma vila típica Vietnamita, algo turística, com pequenas ruas, bem arranjadas e limpas, e um mercado no centro. Tem também alguns templos e locais históricos, e toda a vila é ladeada por um bonito rio. O que mais gostei aqui foi da comida. Até agora o Vietname não me estava a convencer em termos gastronómicos, e mais tarde percebi que está dividido em zonas, e mais para cima é onde é melhor. Acabei por não ficar agradado com nada particularmente em nenhuma cidade, pois o que eles comem, basicamente, são Noodles sem sabor ou Crepes, frango e legumes fritos. Nada me surpreendeu, ao contrário de todos os países onde tenho ido.
O Sol parece ser um problema no Vietnam |
HO CHI MINH CITY – SAIGÃO – A primeira paragem
Aterrei num Vietname debaixo de água. Por ser
época das chuvas estava com algum receio de apanhar chuva forte, mas como tenho
sempre sorte neste tipo de coisas, estava confiante que agora não seria
diferente. Acabou por se confirmar a minha sorte.
A primeira cidade onde fui foi Ho Chi Minn, ou Saigão, nome antigo e que recomeça a ser utilizado frequentemente.
Apanhei um autocarro local do aeroporto, porque era 20 vezes mais barato que um taxi. O único problema é que não tinha nenhum hotel marcado, apenas uma referência da zona onde queria estar, no centro da cidade. Por sorte o único autocarro que estava lá era exactamente o que tinha de apanhar. Na viagem até à cidade, fiquei pasmado com o trânsito e especialmente com número de motas na estrada. Foi como na China, mas com ainda mais gente e muito mais motas a circular. A cidade tem 8 milhões de pessoas e existem mais de 5 milhões de motas. Na zona onde fiquei, no centro, esta confusão era ainda maior. Milhares e milhares de motas em todas as direcções, incluindo passeios, e uma anarquia organizada instalada. Vale a pena passar uma tarde inteira apenas a observar o trânsito de motas, pois é uma autêntica loucura.
O Vietname, especialmente esta cidade, estão extremamente ocidentalizados, vêem-se inúmeras referências ao "nosso" mundo. Há muito tempo que não comia porcaria, só comidas locais e, sendo assim, aproveitei estar aqui para devorar um buffet de pizzas e saladas. Uma refeição que seria normalíssima se estivesse em Portugal, mas que me soube muito melhor do que conseguirei descrever!
A primeira cidade onde fui foi Ho Chi Minn, ou Saigão, nome antigo e que recomeça a ser utilizado frequentemente.
Apanhei um autocarro local do aeroporto, porque era 20 vezes mais barato que um taxi. O único problema é que não tinha nenhum hotel marcado, apenas uma referência da zona onde queria estar, no centro da cidade. Por sorte o único autocarro que estava lá era exactamente o que tinha de apanhar. Na viagem até à cidade, fiquei pasmado com o trânsito e especialmente com número de motas na estrada. Foi como na China, mas com ainda mais gente e muito mais motas a circular. A cidade tem 8 milhões de pessoas e existem mais de 5 milhões de motas. Na zona onde fiquei, no centro, esta confusão era ainda maior. Milhares e milhares de motas em todas as direcções, incluindo passeios, e uma anarquia organizada instalada. Vale a pena passar uma tarde inteira apenas a observar o trânsito de motas, pois é uma autêntica loucura.
O Vietname, especialmente esta cidade, estão extremamente ocidentalizados, vêem-se inúmeras referências ao "nosso" mundo. Há muito tempo que não comia porcaria, só comidas locais e, sendo assim, aproveitei estar aqui para devorar um buffet de pizzas e saladas. Uma refeição que seria normalíssima se estivesse em Portugal, mas que me soube muito melhor do que conseguirei descrever!
De Ho Chi Minh City fui fazer um Tour organizado aos túneis de Cu
Chi. Nesta altura pouco ou nada sabia sobre a guerra. Este foi o meu primeiro
contacto e mesmo sem ter ninguém que soubesse explicar de facto o que aquilo
era, fiquei pasmado.
Para se protegerem e fugirem aos ataques aéreos, os Viet Congs
construíram uma enorme rede de túneis, com mais de 200km, que ligavam várias
aldeias na região. Estes túneis serviam para circularem, ficarem protegidos e
muitas vezes para atacarem os soldados Americanos. Tinham sistemas de
ventilação e, por serem um povo muito paciente, ficavam dentro dos túneis horas
e dias à espera que o que quer que fosse passasse. Também tinham vários pontos
de onde podiam disparar sobre quem passasse, sem serem vistos. Estes pontos
eram pequenos buracos na terra, suficientemente grandes apenas para caber uma
arma. Desta forma, muitos soldados inimigos foram mortos sem esperarem, pois além
de não saberem onde estavam estes pontos de ataque, não tinham sequer grande
noção de onde estavam os túneis, apenas sabiam que eles existiam.
Para além dos túneis,
foram instaladas aqui centenas de armadilhas que me deixaram indisposto só de
imaginar. Estas armadilhas foram feitas mesmo para fazer sofrer, não para
matar, pois isso acontecia mais tarde!
Fez-me impressão vir aqui ver os túneis e o que representam, as
cruéis armadilhas e especialmente o campo de tiro, que também disponibilizam
aos turistas que quisessem disparar quase grátis, mas que supostamente é o
mesmo que utilizavam para fuzilar os soldados Americanos detidos.
Em Ho Chi Minh City fui também ao Museu da Guerra, um museu
feito por apoiantes dos Viet Minh (Norte-Vietnamitas) e que conta apenas a sua
versão dos factos e acontecimentos. Aqui os Americanos são retratados como
monstros, por atacarem um país inocente sem qualquer razão, e que o Comunismo
sempre foi o que todo o povo Vietnamita quis. Aqui contam uma versão diferente
dos Americanos, dos livros de História e de muitos Vietnamitas. Também achei
importante conhecer esta versão da história.
Chegada ao Vietname debaixo de água |
Onde fiquei a dormir na primeira noite |
Dentro da Guesthouse |
O meu quarto |
Ho Chi Minh City - Saigão |
Museu da Guerra |
Testemunhos e fotografias no Museu da Guerra |
Consequências do Agent Orange |
Túneis de Cu Chi:
Viviam em 60cm de altura |
As armadilhas |
Minas recuperadas |
Armadilhas - doentias |
Mapas dos túneis |
Qualquer pessoa pode disparar as armas da Guerra |
MEKONG DELTA
De Ho Chi Minh City parti para o Sul e juntei-me a outros
turistas em direcção ao Mekong Delta a umas horas de viagem. É onde termina o
maior rio do Sudeste Asiático (Mekong) e tem numa pequena área uma enorme
concentração de mais de 20 milhões de pessoas. Aqui estão grande parte das
plantações de arroz do Vietname, que a seguir à Índia é o maior exportador
mundial. Nesta zona as paisagens mantêm-se intactas e as tradições também. Por
exemplo, as pessoas aqui enterram os seus familiares junto às suas casas ou nos
campos de arroz (o governo agora impede que isso aconteça). É raro haver
cemitérios e a cada centena de metros se pode ver campas em sítios que
normalmente não estaríamos à espera.
Neste dia, dormi numa pequena aldeia, nuns bungalows junto ao rio. A estadia que me venderam (aldrabões e gananciosos, mais grave problema do Vietname) supostamente era em regime de "homestay". Teoricamente é ficar a dormir em casa de uma família local, comer com eles, aprender a cozinhar com eles, etc. Na práctica não foi bem assim, pois como tudo por aqui, este conceito já está demasiado comercial. Acabou por ser uma estadia quase normal de uma guesthouse, mas em que pude experimentar cozinhar algumas comidas típicas do país. Às 6 da manhã, fui a um mercado local onde peixes ainda vivos tentavam sobreviver fora de água e sapos, uma iguaria local, olhavam para as pessoas à espera de serem cozinhados.
Nesta zona, tudo se passa à volta dos canais do rio. Todas as casas, negócios são dentro de água ou nas margens
O ponto alto da vinda ao Mekong Delta foi o passeio num Floating Market. É um mercado completamente dentro de água, em que os comerciantes estão nos seus barcos à espera que os clientes apareçam. Peixe, galinha, legumes, fruta café e até refeições prontas foram algumas das coisas que vi serem comercializadas ali, além de um grande barco, o maior de todos, que era uma bomba de gasolina! Adorei ver este mercado no rio. Uma verdadeira novidade!
Neste dia, dormi numa pequena aldeia, nuns bungalows junto ao rio. A estadia que me venderam (aldrabões e gananciosos, mais grave problema do Vietname) supostamente era em regime de "homestay". Teoricamente é ficar a dormir em casa de uma família local, comer com eles, aprender a cozinhar com eles, etc. Na práctica não foi bem assim, pois como tudo por aqui, este conceito já está demasiado comercial. Acabou por ser uma estadia quase normal de uma guesthouse, mas em que pude experimentar cozinhar algumas comidas típicas do país. Às 6 da manhã, fui a um mercado local onde peixes ainda vivos tentavam sobreviver fora de água e sapos, uma iguaria local, olhavam para as pessoas à espera de serem cozinhados.
Nesta zona, tudo se passa à volta dos canais do rio. Todas as casas, negócios são dentro de água ou nas margens
O ponto alto da vinda ao Mekong Delta foi o passeio num Floating Market. É um mercado completamente dentro de água, em que os comerciantes estão nos seus barcos à espera que os clientes apareçam. Peixe, galinha, legumes, fruta café e até refeições prontas foram algumas das coisas que vi serem comercializadas ali, além de um grande barco, o maior de todos, que era uma bomba de gasolina! Adorei ver este mercado no rio. Uma verdadeira novidade!
Mercado em terra |
Peixe a saltar |
HANOI – A última cidade visitada
Hanói, capital do Vietname, tem muito pouco interesse turístico. A
única zona que interessa visitar é um pequeno bairro, repleto de negócios e
comércio local, misturado com um aglomerado inacreditável de hotéis, hostels,
restaurantes, taxistas e as infames agências turísticas que oferecem qualquer
serviço ou produto que se consiga imaginar (são sempre os mesmos), cada um
deles a chamar mais alto e a chatear mais que os restantes.
Aqui encontrei-me com uma amiga minha de Portugal, a Marta
Champalimaud que também está a viajar no Sudeste Asiático e fomos passear pelo
mercado local e beber uma cerveja num dos milhares de “bares” locais onde os
locais se juntam diariamente ao fim da tarde e se sentam em pequenas esplanadas
de plástico enquanto bebem Bia Hoi, cerveja de pressão tradicional.
Hanoi tem também alguns museus e Templos, o melhor dos quais é o Templo da Literatura, frequentado por alunos de todo o país que ali vão orar e pedir por boa sorte nos exames. Aqui fui abordado por uns locais que me pediram para conversar só para aperfeiçoar o Inglês. Já me tinha acontecido em Ho Chi Minh e achei bastante graça.
Templo da Literatura, usado nas notas do Vietname |
Recordações Americanas |
A orar para uma tartaruga |
Milhares de Bonsais |
Fica aqui a história do Vietname, a viagem está perto do fim...próximo destino é a Tailândia!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarGostaria de obter o seu email de contacto para assunto relacionado com o Vietname
ResponderEliminarRaul Silva
raul.silva1959@gmail.com