What's this?

Tenho tentado actualizar o blog sempre que possível, mas às vezes é complicado encontrar internet suficientemente boa.

Espero que gostem!


O que é que se faz quando se tem o trabalho perfeito, mas ao mesmo tempo se tem como maior objectivo e sonho de vida viajar o Mundo?

Vai-se viajar!

Foi o que eu fiz. O meu nome é Fernando Costa, tenho 27 anos e trabalho há 4 no melhor emprego do mundo, a organizar a etapa Portuguesa do Circuito Mundial de Surf - o Moche Rip Curl Pro Portugal (http://live.ripcurl.com/portugal-home-2013.html). Para mim este é o melhor trabalho que poderia querer ter.

Mas acontece que ao mesmo tempo, o maior objectivo nesta fase da minha vida era viajar pelo Mundo, ver os 6 Continentes (7 para quem conta com Antártida, mas esse fica para outra altura qualquer); conhecer as diferentes culturas e ter o maior número de experiências culturais possível. São estas as coisas que me fazem mais feliz, além da minha família e amigos (parece cliché, mas é mesmo assim)

Sendo assim, decidi partir para uma aventura de cinco meses a viajar pelo que me faltava no Mundo. Até hoje, estive dois meses a viajar pela América do Sul em 2009, três meses a viajar pela Austrália e Nova Zelândia em 2012, e vivi um ano nos Estados Unidos onde também deu para passear um bocado.

Sem ter qualquer plano definido, o objectivo passa por conhecer muito bem Africa e Ásia, e vai ser obrigatório passar 11 dias na California na despedida de solteiro de um amigo.

Quanto ao trabalho, foi posto "de lado" por enquanto, mas pode ser que volte. Se for possível, vai voltar, se não for, é por uma boa causa.

Se não tivesse sido agora, não era nunca..


SE QUISEREM LEIAM, SE NÃO, VEJAM SÓ AS IMAGENS!!

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19/06/2014

VIETNAME

VIETNAME

Se juntarmos uma longa história de colonizações, opressão, uma cultura 100% comunista num país que passou por duas graves guerras, uma das quais traumática, que vive da agricultura e da mão de obra que é hoje em dia o que em todo o Mundo mais cresce anualmente, temos o Vietname. E se a isso juntarmos um boom turístico como em poucos lugares do Mundo terá havido nas últimas décadas, temos o Vietname de hoje em dia. 
Nisto tudo se resume o Vietname, e isso traduz-se em coisas boas e más.

Talvez pela última razão apresentada, o boom turístico, não estivesse tanto entusiasmado como quando fui a outros lugares. Este sentimento estendia-se também aos restantes países do Sudeste Asiático, que estava prestes a visitar.
A maioria dos lugares a que tenho ido são únicos, pouco conhecidos, e tive que conhecer, procurar informações, orientações, etc. Aqui, tudo está ao virar da esquina, basta escolher de uma brochura o que queremos fazer numa das milhares de agências que há em qualquer rua. Se na grande maioria dos sítios fui surpreendido pelo que fui vendo, aqui isso não era possível, pois tenho visto ano após ano fotografias e álbuns de pessoas que andaram por aqui. 
Parece igualmente que em Portugal se tornou num hábito viajar pelo Sudeste Asiático. Todos os anos vejo vários grupos de amigos a vir aqui e acredito que pelo menos metade das viagens feitas por jovens Portugueses sejam nesta zona, o que obviamente não anula a enorme beleza e interesse deste destino. Apenas impede que seja visitado da melhor maneira. 
Não há hipótese de fugir às enchentes e à mentalidade de aproveitamento local que isso atrai. Os lugares mais bonitos estão todos "ocupados" e "gastos", aquilo que vale a pena visitar já foi há muito descoberto pelo Mundo.
Isto era o prenúncio do que ia ser a minha experiência aqui. O Vietname (e seus vizinhos) é um dos destinos mais procurados e percorridos não só por Portugueses como por pessoas de todo o Mundo, principalmente Ingleses e Australianos. 

Adorei ver alguns dos sítios por onde passei. O Vietname tem de facto uma beleza natural incrível, como poucos países têm. Mas no geral a minha experiência foi assim-assim. A razão principal foi a que expliquei, mas também fiquei muito desiludido com as pessoas no país. Pensei que seriam como grande parte dos Asiáticos: prestáveis, honestos e um povo simpático. Não achei nada disso. São todos gananciosos, preocupados apenas com o dinheiro e consigo próprios, não olhando a meios para conseguirem lucrar mais um bocado.

Em qualquer lugar onde fosse comprar comida, fazer um passeio ou um tour organizado, hotéis, taxis, etc. senti que por ser turista se tentaram aproveitar de mim. Obviamente tenho alguma experiência e raramente permiti que isso acontecesse, mas estar num país onde não é possível estar descansado, sem stress e sem ter que obrigar qualquer pessoa a cobrar o preço real é muito negativo. Para além disso, em qualquer rua era abordado por dezenas de vendedores de fruta, bebidas, taxistas, crianças a vender pulseiras e até pessoas que se ofereciam para dar indicações esperavam dinheiro. 
Tirando isso, o país tem tudo para ser um destino de sonho: paisagens extraordinárias, transportes e comunicação de qualidade de topo, e é muito, muito barato (quem conseguir não ser aldrabado).

Viajei pelo Vietname de Sul para Norte. Comecei por conhecer Ho Chi Minh City (Saigão) e depois comecei a subir até chegar à capital, Hanoi.

O roteiro foi Ho Chi Minh (Saigão) - Nha Trang - Hoi An - Hue - Phong Nha - Hanoi - Halong Bay - Hanoi - Sapa.

Desta vez decidi fazer a lista dos sítios onde estive pela ordem de preferência e não por ordem cronológica.






SAPA - O melhor do Vietname!

Sapa é uma pequena aldeia no Norte do Vietname, junto à China, que podia ser em Portugal. As pequenas casas e praça principal fazem lembrar as aldeias do Norte e Interior do nosso país. A diferença é quando se sai do centro. Sapa está rodeada de montanhas. Para lá chegar é preciso fazer uma “escalada” numa estrada em fracas condições e cheia de curvas.
Fui de autocarro para aqui, vindo de Hanoi. Supostamente seria uma viagem que demoraria 12 horas, durante a noite. Muito estranhamente, o autocarro chegou duas horas mais cedo, coisa rara! Acontece que eram 4.45 da manhã e não fazia ideia onde ir. Normalmente os autocarros no Vietname são invadidos por donos de hotéis e comissionistas à chegada, mas como tínhamos chegado cedo demais, não estava lá ninguém. Andei à procura de um hotel, mas por sorte encontrei uma pequena tasca local onde estava a começar um jogo do Mundial, ainda por cima era a Argentina que jogava.

Ficando dia, encontrei finalmente um sítio para ficar, um simpático hotel onde aluguei uma mota para andar a passear nestes dias.

Sapa acabou por ser a melhor paragem em todo o Vietname. Primeiro, (ainda) não está completamente estragada pelo turismo. Em todo o lado se vê visitantes, mas por enquanto não há agências, lojas e negócios para turistas em qualquer esquina.
A beleza de Sapa são as montanhas que rodeiam este sítio. Nestas montanhas estão alguns dos maiores e mais bonitos campos de arroz do Mundo. Passeando pelas estradas e curvas infinitas, passamos por cenários dignos de revista, inesquecíveis.
Nestes dias tive a companhia de um grupo de outros turistas, que me acompanharam em alguns destes passeios, mas a melhor experiência para mim foi quando decidi ir à aventura sozinho, guiar pelos caminhos das montanhas sem destino. Aqui descobri paisagens sem descrição. Entrei pelas pequenas aldeias, andei no meio dos campos e plantações de arroz e almocei num dos restaurantes com a vista mais privilegiada do Mundo.











O início do passeio






















































HALONG BAY

De Hanói, capital do Vietname parti para um passeio de 3 dias até Halong Bay, uma baía repleta de pequenas ilhas (quase 200) que parece fazer parte de um filme de ficção, não parece real. Estas pequenas ilhas são gigantes pedaços de pedra e vegetação que dão a ideia que nascem do fundo do mar.
Tentei tirar fotografias que demonstrassem o bonito que é, mas creio que as fotografias não fazem justiça à beleza deste cenário, não é possível transmitir o impacto e beleza que têm na verdade.
Mas, como tudo no Vietname, Halong Bay está completamente repleta de turistas. Milhares de barcos e centenas de milhares de turistas enchem e sujam uma das zonas mais bonitas do Sudeste Asiático. 
Este é um destino obrigatório para quem visita o Vietname, e a maioria das pessoas faz o mesmo programa que eu fiz: o primeiro dia e primeira noite são passados num barco, a circular no meio das ilhas e a visitar uma enorme gruta, passear numa praia e saber como são feitas as pérolas de ostra no Vietname. É um programa completamente turístico, uma máquina que dia após dia recebe visitantes de todo o Mundo, mas que vale sem dúvida a pena.
O segundo dia e noite foram passados numa ilha, num resort surpreendemente agradável e tranquilo, a passear de kayak, dar toques numa bola e a relaxar! A universalidade do futebol é tanta que nesta ilha remota quase toda a gente acordou às 5 da manhã para ver o jogo Inglaterra-Itália.













































Lua cheia














DMZ - DONG HOI

Aquilo que mais me fascinava no Vietname, aquilo que mais queria ver e conhecer era principalmente a história da guerra. Apesar de ser um país com inúmeras atracções e beleza natural, isso também existe, muitas vezes mais, noutros países. Sendo assim, preferi vir aqui para a isso juntar a experiência de estar no país onde teve lugar uma das mais infames guerras da história. Conhecia aquilo que vi em filmes, mas pouco o nada sabia sobre a história e factos, e queria ver com os meus próprios olhos.
Resumidamente, para aqueles que não sabem (esta é a minha interpretação e conclusão da história, pelo que pode ser diferente de outras): o Vietname estava, depois de conseguir independência da França, dividido em dois, Norte e Sul. No Norte tinham uma visão Comunista, no Sul religiosa. O Norte quis tornar todo o país num só sob os seus valores, e começou a invadir o Sul com o apoio de armamento vindo da União Soviética e China. Os Estados Unidos intervieram, e para prevenir um posse por parte dos Comunistas, apoiaram o Sul com armas mas também tropas. No Sul, protegiam os alvos dos Viet Minh (Norte) mas também se focaram em atacar estas tropas, muitas vezes disfarçados de civis e usando tácticas de guerrilha em vez de guerra normal. Estes eram os Viet Congs. Muitos dos Viet Congs eram traidores do Sul que se dedicaram a ajudar o Norte, e causaram muitas mortes aos EUA e Sul-Vietnamitas. As tácticas usadas por estas tropas eram completamente loucas, e iam desde armadilhas fatais, tortura, a esconderijos onde ficavam dias após dias e de onde matavam quem passasse. Por esta razão, pela incerteza de poderem morrer ou ser torturados em cada passo que davam, muitos soldados Americanos ficaram doentes mentalmente, paranoicos, e centraram as atenções em acabar com os Viet Congs, custasse o que custasse. Isso fez com que ardessem aldeias inteiras, matassem civis em interrogatórios para descobrir paradeiro dos seus familiares VC (Viet Congs) e torturassem os VC que encontravam, perdendo muitas vezes o discernimento e as noções sobre a razão de estarem ali. Agora percebo porque é que tantos veteranos Americanos são doentes e têm tantos problemas de Stress Pós-Traumático.

Houveram durante mais de 10 anos várias batalhas, mas algumas das principais aconteceram na chamada DMZ – Demilitarized Zone – Zona desmilitarizada. Este era o nome curioso da zona onde houve mais conflito, mas que foi dado aquando dos combates Norte-Sul.

Esta era a zona que oficialmente fazia a fronteira entre o Norte e o Sul, mas que aos poucos começou a ser ocupada por uns e pelos outros, até ser campo de batalha oficial. Aqui foram usados os famosos gases químicos que os Americanos deitaram nas montanhas de forma eliminar toda a vegetação e aumentar visibilidade. Estes químicos, incluindo o famoso Agent Orange que até hoje afecta milhares de Vietnamitas, arrasaram por completo a região, hoje 90% renascida. Também restam poucas referências e evidências do tempo da guerra, apenas pequenos museus, memoriais e uma enorme carga emocional, pois estamos no preciso lugar onde há 30 anos milhares e milhares de pessoas perderam a vida. Seria impossível circular nesta zona nesta altura, tal era a intensidade da luta e bombardeamentos dia e noite.
De quando a quando é frequente encontrar vestígios de guerra, como tanques ou aviões nos mais diversos lugares onde se passa. Também bombas vazias ou armas e roupa foram sendo deixadas um pouco por todo o lado. Até hotéis exibem restos de bombas e é possível passar por tanques abandonados à beira da estrada.
Uma das aldeias que visitei, hoje em dia reconstruída, foi Kha Sanh. Na altura era uma grande base Norte Americana, que os Viet Minh, do Norte, cercaram durante 70 dias e atacaram, matando milhares de soldados. O presidente Americano decidiu concentrar aqui todas as forças, desleixando outras bases e cidades. Isso fez com que os Viet Minh explorassem essas áreas e dessa forma conquistarem Saigão, o que fez com que vencessem a guerra.

Visitando o Vietname, consegui concluir:
Cada um tem a sua versão da história do que na verdade aconteceu. Os Americanos defendem que estavam a proteger o país da opressão e do comunismo, os Norte-Vietnamitas defendem que foram atacados pelos Americanos sem qualquer causa usando um discurso de tal forma sonso que não sei como alguém toma o seu partido. As verdades infelizmente são estas: centenas de milhares de pessoas perderam a vida; e muitos sofrem ainda hoje em dia com traumas e mazelas permanentes.
Foi uma grande experiência poder estar aqui e conhecer esta história.

Nesta noite fiquei a dormir numa pequena aldeia que fica junto à DMZ, chamada Dong Ha. Foi a primeira aldeia não turística onde consegui ficar.
Pela primeira vez no Vietname senti que consegui fugir aos turistas e ao roteiro óbvio (a maioria das pessoas quer paisagens e vistas). Não vi qualquer sinal de estrangeiros, nem agencias. Voltei a dormir num albergue duvidoso parecido com os do Sri Lanka e África e isso fez-me sentir contente!
Talvez por estar numa aldeia tão pequena tenha tido tanta dificuldade em arranjar um restaurante: só após uma longa caminhada de 40 minutos consegui encontrar um sitio para jantar que cheirava a casa de banho de discoteca. Durante todo o jantar, tive a família dona do restaurante a olhar fixamente para mim, e os seus cães a cheirar-me. Esta foi provavelmente a minha última experiência genuína, não turística da viagem, pois pelo que tenho visto no Sudeste Asiático são difíceis de encontrar.



Nas campas diz "nome desconhecido"!

Uma das montanhas destruidas pelos químicos, agora com vida novamente

O rio que dividia o Norte e o Sul









Tanque à beira da estrada




Túneis onde os locais se protegiam


As minhas amigas novas



Pai e filho na sua loja, ao mesmo tempo era a sua casa

Larvas ou sapos?




PHONG NHA 

Phong Nha é um Parque Nacional que fica a sul de Hanoi, no centro do Vietname.
Em 2009, investigadores Ingleses descobriram aqui o maior sistema de grutas do Mundo, com 130 quilómetros! Visitei uma parte dessas grutas, entrando para dentro de uma enorme rocha de barco. Lá dentro era um imenso espaço, a gruta era impressionante! Depois de circular de barco por umas largas centenas de metros, entrei numa “praia” dentro da gruta onde circulei por mais umas centenas a pé. Estar dentro desta gruta foi espectacular! Era enorme, sem dúvida a maior, mais bonita e mais impressionante onde estive.

Nesse mesmo dia fiquei à espera do autocarro que me levaria até Hanoi. Enquanto esperei durante mais de 6 horas, espreitei um restaurante para comprar uns snacks para o caminho. Entrei no restaurante e fui olhado fixamente por um pequeno cão. Quando estava a sair, o cão continuava a olhar e quando passei por ele, decidiu atacar-me. Felizmente era tão pequeno que a boca nem metade da minha perna ocupava, portanto não conseguiu fazer ferida, mas chegou para um pequeno susto!
Também à saída do restaurante, reparei num grupo que se tinha juntado à frente de dois autocarros que pareciam novos, cheios de oferendas, incenso e a orar. Perguntei o que se passava, e disseram-me que estavam a abençoar os autocarros, para os protegerem.



Entrada para a gruta





A navegar dentro das grutas






Depois restou-me uma longa espera de 6 horas pelo autocarro







As oferendas na benção dos autocarros - de seguida foi tudo queimado!





CAMINHO HOI AN - HUE

Esta parte da viagem fiz, por recomendação do meu amigo Kiko CB, de mota. Era um caminho de 4/5 horas que pode ser feito de autocarro, mas algumas pessoas fazem de mota pois passa por sítios incríveis. A primeira parte da viagem foi feita na costa, junto à praia, passando por vilas piscatórias e pequenas aldeias. De seguida comecei a subir uma montanha parecida com a Serra da Arrábida, cheia de curvas e contracurvas, com vistas deslumbrantes. Aqui quase fiquei sem gasolina! Depois da montanha passei para uma enorme recta de 70km onde passei por inúmeras aldeias enquanto conduzia no meio dos grandes camiões e milhares de motas, rodeado de campos de arroz e animais.
Estas 5 horas de passeio terminaram num Templo e Pagode Budista em Hue junto a um grande lago. Foi um óptimo passeio, que me vai deixar grandes recordações, como em practicamente tudo nesta viagem!






















Chegada a Hue

Cenário na chegada





NHA TRANG

Esta foi a minha terceira paragem no Vietname, mas a primeira a uma longa distância.
Apanhei o autocarro nocturno de Ho Chi Minh City (Saigão) que me ia levar até Nha Trang, uma viagem de 10 horas. Não estava nada à espera do que vi quando entrei no autocarro: um autêntico lounge com lugares deitados para todos. Nas cadeiras estavam mantas e água à nossa espera e tinha internet wireless disponível. Um luxo de autocarro. Foi o meu primeiro no Sudeste Asiático e pelo que me foi dito grande parte deles são assim.
Depois das 10 horas de viagem que fiz a dormir ferrado, cheguei a Nha Trang e entrei no hostel que entretanto escolhi. Quando entrei no quarto percebi que provavelmente deveria ter procurado melhor, pois era uma camarata com 38 camas, em que practicamente só via vietnamitas. 
Fui dar uma volta pela cidade, supostamente um dos melhores destinos de praia do Vietname e uma cidade perfeita para relaxar onde ia aproveitar para isso mesmo. 
Depois de umas voltas, senti-me como se tivesse chegado a uma Quarteira ainda mais confusa, a juntar ao stress Asiático, apetrechada de Russos, onde até os letreiros e taxis são feitos para eles, no seu idioma. 
A praia essa sim era perfeita, parecida com as praias da Comporta. Rodeada de montanhas e com uma praia de água azul, calor e tudo o que se pode querer em férias, esta cidade tinha tudo para ser das melhores do Mundo, mas provavelmente terá sido mal planeada e a praga de locais aldrabões e ladrões que a enchem torna-a pior. Marquei logo o próximo autocarro para seguir viagem nesse mesmo dia ao final da tarde. Tinha então umas 9 horas para aproveitar aqui. Fui para a praia descansar e almoçar até ao início da tarde. Quando fui ao hostel aproveitei para fazer conversa e conhecer alguns dos vietnamitas que estavam na minha camarata. Todos muito simpáticos, gostaram que tivesse ido conversar consigo. Quando lhes disse que era Português, disseram que tinham um jogo de futebol essa tarde, e perguntaram se queria ir jogar com eles. Eu disse claro que sim. Achei que ia dar uns toques com eles na praia ou assim, mas quando chegou a hora combinada e voltei ao quarto, vi-os a prepararem-se, a preparar sacos, ligaduras, etc. Perguntaram se eu precisava de chuteiras e eu pensei para mim "chuteiras!?". Descemos juntos e na recepção esperava-nos uma carrinha. Entrei junto dos meus novos companheiros de equipa, e fomos para um campo municipal com um relvado de 11 para 11 mal tratado mas que chegava perfeitamente. Já não jogava há algum tempo e apetecia-me imenso. Perguntaram onde jogava melhor e eu disse à baliza, por isso fui o Guarda-redes de serviço. Quando chegámos, um deles abriu um saco que tinha e começa a distribuir os equipamentos. Camisolas da selecção do México com o nome da equipa nas costas. Calções, meias e até braçadeira de capitão. Era uma coisa à séria! Ia jogar numa equipa amadora de Ho Chi Minh City que tinha viajado 10 horas para fazer este jogo. Jogavam contra a equipa local, numa partida a contar não percebi para quê, mas era uma de 42 que fazem pelo país todo durante todo o ano! Só agora percebia a importância deste jogo para eles. Achei que ia dar toques na praia e acabei a dar um aperto de mão ao árbitro e aos fiscais de linha, também eles equipados a rigor, e a tirar fotografias de equipa. Até alguns adeptos se juntaram para assistir ao jogo. Começou a partida. Muitos dos meus companheiros só falavam Vietnamita e era difícil entendermo-nos, por isso quando me queriam tentar dizer qualquer coisa importante, chamavam-me "Doh'!" (de FernanDOH). Passei uma grande tarde na companhia dos Giang Viet FC, a minha nova equipa do Vietname! Só tive pena de ter que ir embora entretanto porque tinha que apanhar o autocarro para sair de Nha Trang, e ter perdido a terceira parte, quando as equipas se juntaram a beber cerveja e a conviverem. Mas foi uma óptima experiência!




Dentro do autocarro



Cidade de Nha Trang (parte tranquila da cidade)
Quarto com 38 camas


Praia de Nha Trang


Jogo de futebol:







Mensagem deixada no facebook da equipa



HOI AN

Apanhei então o autocarro, desta vez foram 12 horas e só não foi tão bom porque fui na primeira fila e o motorista decidiu ir o caminho todo a ouvir trance vietnamita um pouco alto.
Hoi An é uma vila típica Vietnamita, algo turística, com pequenas ruas, bem arranjadas e limpas, e um mercado no centro. Tem também alguns templos e locais históricos, e toda a vila é ladeada por um bonito rio. O que mais gostei aqui foi da comida. Até agora o Vietname não me estava a convencer em termos gastronómicos, e mais tarde percebi que está dividido em zonas, e mais para cima é onde é melhor. Acabei por não ficar agradado com nada particularmente em nenhuma cidade, pois o que eles comem, basicamente, são Noodles sem sabor ou Crepes, frango e legumes fritos. Nada me surpreendeu, ao contrário de todos os países onde tenho ido.
























O Sol parece ser um problema no Vietnam






HO CHI MINH CITY – SAIGÃO – A primeira paragem


Aterrei num Vietname debaixo de água. Por ser época das chuvas estava com algum receio de apanhar chuva forte, mas como tenho sempre sorte neste tipo de coisas, estava confiante que agora não seria diferente. Acabou por se confirmar a minha sorte.
A primeira cidade onde fui foi Ho Chi Minn, ou Saigão, nome antigo e que recomeça a ser utilizado frequentemente.

Apanhei um autocarro local do aeroporto, porque era 20 vezes mais barato que um taxi. O único problema é que não tinha nenhum hotel marcado, apenas uma referência da zona onde queria estar, no centro da cidade. Por sorte o único autocarro que estava lá era exactamente o que tinha de apanhar. Na viagem até à cidade, fiquei pasmado com o trânsito e especialmente com número de motas na estrada. Foi como na China, mas com ainda mais gente e muito mais motas a circular. A cidade tem 8 milhões de pessoas e existem mais de 5 milhões de motas. Na zona onde fiquei, no centro, esta confusão era ainda maior. Milhares e milhares de motas em todas as direcções, incluindo passeios, e uma anarquia organizada instalada. Vale a pena passar uma tarde inteira apenas a observar o trânsito de motas, pois é uma autêntica loucura.


O Vietname, especialmente esta cidade, estão extremamente ocidentalizados, vêem-se inúmeras referências ao "nosso" mundo. Há muito tempo que não comia porcaria, só comidas locais e, sendo assim, aproveitei estar aqui para devorar um buffet de pizzas e saladas. Uma refeição que seria normalíssima se estivesse em Portugal, mas que me soube muito melhor do que conseguirei descrever!
De Ho Chi Minh City fui fazer um Tour organizado aos túneis de Cu Chi. Nesta altura pouco ou nada sabia sobre a guerra. Este foi o meu primeiro contacto e mesmo sem ter ninguém que soubesse explicar de facto o que aquilo era, fiquei pasmado.
Para se protegerem e fugirem aos ataques aéreos, os Viet Congs construíram uma enorme rede de túneis, com mais de 200km, que ligavam várias aldeias na região. Estes túneis serviam para circularem, ficarem protegidos e muitas vezes para atacarem os soldados Americanos. Tinham sistemas de ventilação e, por serem um povo muito paciente, ficavam dentro dos túneis horas e dias à espera que o que quer que fosse passasse. Também tinham vários pontos de onde podiam disparar sobre quem passasse, sem serem vistos. Estes pontos eram pequenos buracos na terra, suficientemente grandes apenas para caber uma arma. Desta forma, muitos soldados inimigos foram mortos sem esperarem, pois além de não saberem onde estavam estes pontos de ataque, não tinham sequer grande noção de onde estavam os túneis, apenas sabiam que eles existiam.

 Para além dos túneis, foram instaladas aqui centenas de armadilhas que me deixaram indisposto só de imaginar. Estas armadilhas foram feitas mesmo para fazer sofrer, não para matar, pois isso acontecia mais tarde!
Fez-me impressão vir aqui ver os túneis e o que representam, as cruéis armadilhas e especialmente o campo de tiro, que também disponibilizam aos turistas que quisessem disparar quase grátis, mas que supostamente é o mesmo que utilizavam para fuzilar os soldados Americanos detidos.

Em Ho Chi Minh City fui também ao Museu da Guerra, um museu feito por apoiantes dos Viet Minh (Norte-Vietnamitas) e que conta apenas a sua versão dos factos e acontecimentos. Aqui os Americanos são retratados como monstros, por atacarem um país inocente sem qualquer razão, e que o Comunismo sempre foi o que todo o povo Vietnamita quis. Aqui contam uma versão diferente dos Americanos, dos livros de História e de muitos Vietnamitas. Também achei importante conhecer esta versão da história.


Chegada ao Vietname debaixo de água

Onde fiquei a dormir na primeira noite 

Dentro da Guesthouse

O meu quarto



Ho Chi Minh City - Saigão

















Museu da Guerra

Testemunhos e fotografias no Museu da Guerra

Consequências do Agent Orange

Túneis de Cu Chi:

Viviam em 60cm de altura

As armadilhas 

Minas recuperadas

Armadilhas - doentias


Mapas dos túneis

Qualquer pessoa pode disparar as armas da Guerra





MEKONG DELTA

De Ho Chi Minh City parti para o Sul e juntei-me a outros turistas em direcção ao Mekong Delta a umas horas de viagem. É onde termina o maior rio do Sudeste Asiático (Mekong) e tem numa pequena área uma enorme concentração de mais de 20 milhões de pessoas. Aqui estão grande parte das plantações de arroz do Vietname, que a seguir à Índia é o maior exportador mundial. Nesta zona as paisagens mantêm-se intactas e as tradições também. Por exemplo, as pessoas aqui enterram os seus familiares junto às suas casas ou nos campos de arroz (o governo agora impede que isso aconteça). É raro haver cemitérios e a cada centena de metros se pode ver campas em sítios que normalmente não estaríamos à espera.
Neste dia, dormi numa pequena aldeia, nuns bungalows junto ao rio. A estadia que me venderam (aldrabões e gananciosos, mais grave problema do Vietname) supostamente era em regime de "homestay". Teoricamente é ficar a dormir em casa de uma família local, comer com eles, aprender a cozinhar com eles, etc. Na práctica não foi bem assim, pois como tudo por aqui, este conceito já está demasiado comercial. Acabou por ser uma estadia quase normal de uma guesthouse, mas em que pude experimentar cozinhar algumas comidas típicas do país. Às 6 da manhã, fui a um mercado local onde peixes ainda vivos tentavam sobreviver fora de água e sapos, uma iguaria local, olhavam para as pessoas à espera de serem cozinhados.

Nesta zona, tudo se passa à volta dos canais do rio. Todas as casas, negócios são dentro de água ou nas margens
O ponto alto da vinda ao Mekong Delta foi o passeio num Floating Market. É um mercado completamente dentro de água, em que os comerciantes estão nos seus barcos à espera que os clientes apareçam. Peixe, galinha, legumes, fruta café e até refeições prontas foram algumas das coisas que vi serem comercializadas ali, além de um grande barco, o maior de todos, que era uma bomba de gasolina! Adorei ver este mercado no rio. Uma verdadeira novidade!








Artes tradicionais






















Mercado em terra 
Peixe a saltar






HANOI – A última cidade visitada

Hanói, capital do Vietname, tem muito pouco interesse turístico. A única zona que interessa visitar é um pequeno bairro, repleto de negócios e comércio local, misturado com um aglomerado inacreditável de hotéis, hostels, restaurantes, taxistas e as infames agências turísticas que oferecem qualquer serviço ou produto que se consiga imaginar (são sempre os mesmos), cada um deles a chamar mais alto e a chatear mais que os restantes.
Aqui encontrei-me com uma amiga minha de Portugal, a Marta Champalimaud que também está a viajar no Sudeste Asiático e fomos passear pelo mercado local e beber uma cerveja num dos milhares de “bares” locais onde os locais se juntam diariamente ao fim da tarde e se sentam em pequenas esplanadas de plástico enquanto bebem Bia Hoi, cerveja de pressão tradicional.
Hanoi tem também alguns museus e Templos, o melhor dos quais é o Templo da Literatura, frequentado por alunos de todo o país que ali vão orar e pedir por boa sorte nos exames. Aqui fui abordado por uns locais que me pediram para conversar só para aperfeiçoar o Inglês. Já me tinha acontecido em Ho Chi Minh e achei bastante graça.





Templo da Literatura, usado nas notas do Vietname

Recordações Americanas






A orar para uma tartaruga
Milhares de Bonsais 





Fica aqui a história do Vietname, a viagem está perto do fim...próximo destino é a Tailândia!