What's this?

Tenho tentado actualizar o blog sempre que possível, mas às vezes é complicado encontrar internet suficientemente boa.

Espero que gostem!


O que é que se faz quando se tem o trabalho perfeito, mas ao mesmo tempo se tem como maior objectivo e sonho de vida viajar o Mundo?

Vai-se viajar!

Foi o que eu fiz. O meu nome é Fernando Costa, tenho 27 anos e trabalho há 4 no melhor emprego do mundo, a organizar a etapa Portuguesa do Circuito Mundial de Surf - o Moche Rip Curl Pro Portugal (http://live.ripcurl.com/portugal-home-2013.html). Para mim este é o melhor trabalho que poderia querer ter.

Mas acontece que ao mesmo tempo, o maior objectivo nesta fase da minha vida era viajar pelo Mundo, ver os 6 Continentes (7 para quem conta com Antártida, mas esse fica para outra altura qualquer); conhecer as diferentes culturas e ter o maior número de experiências culturais possível. São estas as coisas que me fazem mais feliz, além da minha família e amigos (parece cliché, mas é mesmo assim)

Sendo assim, decidi partir para uma aventura de cinco meses a viajar pelo que me faltava no Mundo. Até hoje, estive dois meses a viajar pela América do Sul em 2009, três meses a viajar pela Austrália e Nova Zelândia em 2012, e vivi um ano nos Estados Unidos onde também deu para passear um bocado.

Sem ter qualquer plano definido, o objectivo passa por conhecer muito bem Africa e Ásia, e vai ser obrigatório passar 11 dias na California na despedida de solteiro de um amigo.

Quanto ao trabalho, foi posto "de lado" por enquanto, mas pode ser que volte. Se for possível, vai voltar, se não for, é por uma boa causa.

Se não tivesse sido agora, não era nunca..


SE QUISEREM LEIAM, SE NÃO, VEJAM SÓ AS IMAGENS!!

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10/06/2014

SRI LANKA


SRI LANKA

O plano agora era seguir para a Tailândia. Mas, mesmo estando a viajar tenho estado atento às notícias e não deixei de saber que houve um golpe de estado naquele país precisamente na semana em que ia para lá. Sendo assim, quando fui fazer Check-in no aeroporto das Maldivas, disse que queria ficar em Colombo onde fazia escala. Não sabia se podia, porque nunca tinha feito. Mas não só deu, como pagando uma pequena multa consegui guardar a segunda parte da viagem para uma outra altura. Foi uma escolha forçada pelos acontecimentos, mas foi a melhor coisa que podia ter feito.


Aterrei na capital do Sri Lanka sem nada saber sobre o país. Nada mesmo! A primeira coisa que fiz foi ligar-me a um computador e ver a final da Liga dos Campeões que estava a dar naquele momento, que eu nunca poderia deixar de ver. Quando o jogo terminou, aí sim começou a minha viagem pelo Sri Lanka. Cheguei à praça de taxis às 4 da manhã e apanhei um taxi para o hostel que entretanto marquei, a 40 minutos de distância. O taxista apresenta-se e diz "hello, I'm Fernando"! Eu ri-me mas não liguei muito, era apenas uma coincidência.
Mesmo sendo 5 da manhã, o gerente do hostel recebeu-me com um sorriso na cara e camisa aberta a mostrar a sua enorme barriga. Disse que no dia seguinte me ajudava a planear a estadia.
Na manhã seguinte, sentámo-nos com um mapa e mostrou-me o que havia de melhor no país e o que, na sua opinião, eu devia fazer. Aqui não há um roteiro definido como outros países, e apesar de ser um país muito simpático e acolhedor, não há um sistema de transportes preparado para os turistas. Cada um tem que decidir onde quer ir e arranjar maneira de lá chegar. Como estamos em época de chuvas nalgumas áreas, planeei com base nisso.
Então, o que decidi fazer foi: Contratar um taxista para andar comigo a dar uma volta por todo o país! Parece (e é) um pequeno luxo, mas que se revelou inteiramente justificável, pois desta forma rentabilizei melhor o tempo que era bastante limitado, sem ter que esperar pelos longos comboios e autocarros, procurar estações, carregar malas, etc. Li que no Sri Lanka os horários de comboios costumam estar “um quarto de dia atrasados, meio dia atrasados ou um dia atrasados”. Não quis correr riscos e decidi mesmo assim.
Combinámos um preço por quilómetro e partimos para a aventura no dia seguinte logo às 5.30 da manhã. Aproveitei o que restava desse primeiro dia na praia de Colombo e jantei num restaurante ali perto. Neste restaurante, o dono começou a fazer conversa comigo. Eu disse-lhe que era Português e o senhor ficou todo contente, até exaltado, pois os seus antepassados também eram. Aproximou-se e disse "I'm Fernando!". Agora, em dois dias, conhecer dois Fernandos do outro lado do Mundo era coincidência a mais. Explicou-me que era um nome muito popular no país. Para quem não sabe, o Sri Lanka fez parte das nossas colónias durante uns tempos (1505 foi quando lá chegámos), pelo que mantém muita da nossa tradição, mais cultural do que arquitectónica. Muitos dos nossos nomes são usados por eles. Silva, Almeida, Fernando ou Dias são nomes com que me deparei várias vezes aqui. 


Champions League

Das primeiras imagens que tive em Colombo




Praia de Colombo




Saímos por volta das 5.30 para evitar o louco transito de Colombo (parece que estamos a falar de Lisboa quando vamos ao Colombo ao Domingo!?) e comecei a andar pelas estradas do país. Apesar do muito transito e das ultrapassagens loucas, as estradas são boas e civilizadas a comparar com alguns sítios onde tenho estado, especialmente Moçambique e Indonésia. Nas operações stop, a polícia nem sequer inventa multas para pedir dinheiro às pessoas como nos outros países, estão mesmo ali para ver documentos! Em inúmeros pontos ao longo das estradas, perto de escolas, obras, hospitais está um grande outdoor com a cara do presidente do Sri Lanka, o Sr. Mahinda Rajapaksa, que passei a considerar meu companheiro de viagem, tal era o número de vezes que o via com aquele ar angelical de mãos unidas como que a abençoar o povo. (Na verdade está a dar a si o crédito pelos serviços do estado).
Mr. President





 Pelo caminho neste primeiro dia parei numa banca sugerida pelo meu motorista privado onde me prepararam um ananás temperado com sal, chilli e pimenta que me deixou com uma azia muito desconfortável mas tinha que experimentar.
Seguindo mais umas horas, já perto do nosso destino nesse dia, cheguei a Rabukkana, uma pequena aldeia onde à beira da estrada existem dezenas de placas a publicitar passeios de elefante como se fosse uma coisa normalíssima. Quem for distraído não repara, mas junto a estas placas, um pouco escondidos, estão também os próprios dos elefantes, à espera de serem escolhidos por um visitante para dar uma voltinha. Eu fui um deles, dei o meu primeiro passeio em cima de um elefante, e não podia ter gostado mais da experiência! Começámos na estrada, no meio do trânsito a ser ultrapassado pelos carros, mas depois o Habura, meu novo amigo, entrou pelo mato a dentro, e aproveitou para tomar um banho e dar-me banho a mim também num rio ali perto.













Depois deste passeio, também naquela zona, fui a um centro de Elefantes que se chama Pinnawala Elephant Orphanage. É uma espécie de zoo que acolhe e cuida dezenas de elefantes (no Sri Lanka existem milhares destes animais), desde bebés até morrerem. Aqui, ao contrário de um zoo, uma pessoa pode circular à vontade, com cautelas, pelo meio dos elefantes. Foi das coisas que mais gostei de fazer até agora em toda a viagem. Em África estive perto de muitos elefantes, mas nunca tinha tido oportunidade de me aproximar de um, brincar e interagir com eles. Aqui, também se pode alimentar os elefantes bebés e adultos, e assistir ao maior espectáculo do dia, quando os 70 e muitos enormes animais atravessam a rua para ir tomar banho em comunidade. Foi sem dúvida uma grande paragem, que por si só já estava a fazer valer a pena ter vindo para aqui e não para outro país qualquer.








High five!


No meio dos elefantes










A caminho do banho






O meu poiso nesta noite foi Kandy, uma das maiores cidades do país. Aqui, existe um enorme e belíssimo Jardim Botânico, que tem pouco de diferente de muitos outros no Mundo. Mas o que fez com que fosse diferente para mim desta vez foi o facto de, quando estava distraído a ver um corvo transportar um enorme pau pelo bico, ouvir um barulho como se fosse uma corda a abanar, bem alto. Olhei para baixo, e estava uma cobra que tinha pelo menos dois metros a passar entre os meus pés! Dei um pulo e fiquei mais surpreendido do que assustado, a cobra ficou ainda mais assustada e escondeu-se de imediato (o susto para mim veio depois, quando realizei o que tinha acabado de acontecer).


Tentei ir atrás da cobra 







Acordando no quarto de hotel que o motorista tinha recomendado, mas que não era mais do que uma tentativa de prédio inacabado, com os lençóis sujos de meses, fui a uma cerimónia de danças típicas do país, usadas pelos guerreiros e pelos religiosos nos tempos antigos. Foi apenas mais um check. Esta cerimonia aconteceu junto à principal atracção da cidade, o Templo do Dente Sagrado. Trata-se de um simples mas bonito Templo que tem, guardado a sete chaves, um suposto dente pertencente ao Buda, que tem sido preservado durante anos e anos. Aqui, centenas de pessoas fazem filas de horas apenas para olharem de relance para esta Relíquia, e ficam dias inteiros a rezar perante a sua imagem, pois o dito objecto de ouro que esconde o dente só pode ser visualizado uma vez por dia.










Como não consegui uma fotografia da Relíquia, tirei uma fotografia a uma fotografia



Ja no caminho de saída de Kandy, até ao próximo destino, Anuradhapura, foi tempo de nos cruzarmos com uma série de vacas. Aqui, tal como na Índia, as vacas são consideradas sagradas para os Budistas. Jamais são utilizadas para comer. E, como é frequente, se uma vaca decidir atravessar a estrada, são os carros que têm que esperar que saia. Perguntei ao meu companheiro de carro o que é que faziam às vacas que morriam, ao que ele responde, com naturalidade, que são enterradas.
Parámos numa fábrica de produtos lácteos para experimentar Curd. Curd é uma espécie de iogurte, mas de búfalo. Consta que é muito mais saudável que iogurte e leite normal, e também tem um tão bom ou melhor sabor.


As vacas na estrada




Iogurte de búfalo


Anuradhapura é uma cidade que fica no Norte do Sri Lanka, que foi estabelecida no Séc IV e é considerada uma das (a principal) cidades sagradas no país.
Esta cidade tem, além de muitos macacos, alguns dos mais impressionantes tempos que já vi. Considerando a altura em que foram construídos, há practicamente 1600 anos, são verdadeiras obras de arte e modernismo. No total, em Anuradhapura visitei 11 locais, entre templos, imagens de Buda, umas piscinas com um evoluído sistema de irrigação e uma árvore que foi plantada a partir de uma semente da árvore que o Buda utilizava para meditar.





Proibido entrar de calções




A certa altura apareceu mais um novo amigo
















Isto estava debaixo de uma rocha num dos Templos










Nesta terra passeei com muito prazer, mas também bastante sofrimento. Dentro dos templos é obrigatório andar descalço. Os locais têm provavelmente os pés cheios de calos, mas eu, que vinha de sítios luxuosos onde não tinha que andar descalço ou andar de todo, queimei os pés na areia e pedra como se fossem ovos estrelados. Estavam uns 40º e às tantas a dor era tanta a andar que preferi caminhar pela relva, mesmo sabendo que ali provavelmente estavam escorpiões e cobras.
Practicamente não suo, ou suo muito pouco quando faço muito desporto. Aqui, estava constantemente alagado em suor, tal era o sol e o calor.

Depois de um dos templos, o taxista, que esperava sempre por mim fora deles, chamou-me e disse para ir com ele a uma enorme tenda que havia ali perto e onde estavam a servir almoços oferecidos a toda a gente. Perguntei se, mesmo sendo turista também tinha direito e explicou-me que sim, que era um serviço do estado. Aproveitei mais um grande e picante almoço típico do Sri Lanka, e, nesta tenda, lá estava obviamente a fotografia do meu grande amigo Sr. Presidente.

Comer à mão, como é obvio


Uma das melhores coisas de ter andado com taxista foi ter tido a oportunidade de comer nestes sítios apenas frequentados pelos locais. Desde o pequeno almoço, o mais ligeiro snack, ou grandes refeições, fiquei a conhecer tudo sobre a cozinha do Sri Lanka e, como tem vindo a ser hábito, fiquei apaixonado. De manhã comíamos String Hoppers, uns fios muito finos de farinha de arroz temperados com muito molho de caril e especiarias. Ao almoço era comum comermos Rice and Curry, o nome que se dá ao autêntico banquete de arroz, legumes de todos os tipos e caril de topo, normalmente vegetariano, pelo qual nunca paguei mais de 1€; Os jantares normalmente eram Rotis, rolos tipo crepes com ovo, frango, ou o que se quiser lá dentro ou Kottu Roti, uma mistura de todos os vegetais disponíveis preparada e triturada na frigideira. Pelo meio, inúmeros snacks como Chamuças, Dal, Cutard, Lassie ou outros. Estes nomes só interessam a quem algum dia decidir ir ao Sri Lanka, mas ficam aqui registados!

Nos mercados locais


Rice and Curry, prato principal no Sri Lanka, muito picante


O meu companheiro de viagem - que ainda não sei como se chama

Chamuças


Kottu Roti

No dia seguinte a Anuradhapura, depois de uma noite dormida num "hotel" que desta vez me deu as boas vindas com um sapo no duche, fui até Sigiriya, uma pequena vila que é conhecida e visitada apenas por uma razão: tem uma enorme pedra de 200 metros de altura, onde no topo estão as ruínas do que em tempos terá sido (há duas versões) um templo budista ou um palácio/fortaleza onde o então auto-imposto Rei se escondeu com medo de ataques de um irmão que tinha direito ao trono. O que quer que tenha sido, por ter sido construído no topo de uma rocha de 200m há 1500 anos é de admirar. Na altura não haviam máquinas nem a facilidade que há hoje em dia mas no entanto a estrutura é mesmo complexa.


Sigiryia



Uma parte do caminho

A vista da subida


Vista do topo
Finalmente lá em cima




Próximo destino: Dambulla, onde fica o Rock Temple, um espectacular Templo todo ele construído dentro de uma pedra. Foi sem dúvida dos que mais gostei de ver!






No interior do Templo, debaixo de uma rocha






Golden Temple



Seguindo viagem, parei num Herbal Garden onde um especialista me mostrou as plantas dos mais diversos tipos de ervas e especiarias. Nunca tinha imaginado que o chocolate vem de onde vem, nem sabia que o caril era feito a partir destas folhas verdes.







Cacau

Cacau

Depois, parei ainda numa das inúmeras fábricas de chá, onde vi os vários pontos de produção de chá desde que é apanhado até estar pronto. Normalmente, estas fábricas têm alguém para receber os visitantes, que mostra e explica como funciona, mas esta pessoa já tinha ido embora, pelo que eu e o taxista tivemos que entrar na fábrica de forma um pouco ilegal e andámos lá pelo meio sem ninguém perceber o que estávamos ali a fazer, até sermos convidados a sair.









A próxima paragem era noutra aldeia chamada Nuwara Eliya. Ficava mesmo no meio da montanha, com um grande lago no meio. Enquanto jantava e tentava arranjar um sítio para ficar a dormir, fui abordado por vários locais, a quererem saber coisas sobre o meu país, a minha viagem, etc. Um deles até me desafiou para um braço de ferro, que obviamente ganhei!!








Aqui fiquei a dormir no melhor lugar até agora. Todos os hotéis eram caros, então consegui, em conversa com um local, arranjar uma casa de família para ficar por um preço muito barato. Esta casa ficava quase no topo da montanha, com uma vista incrível e os seus donos eram 5 estrelas. Ofereceram-me um novo jantar e enquanto conversava com eles, dei o iPad aos seus filhos para se entreterem. Pareceu-me que nunca tinham visto um, porque ouvi logo a filha a dizer em segredo ao irmão: “it’s an ipad!!!”. Como era mais velho, ficou ele a jogar jogos durante horas até eu lhe dizer que já chegava porque tinha que ir dormir.




Saindo de Nuwara Elyia partimos em destino ao fim do Mundo – o World’s End.
O World’s End é um parque Natural, dos mais protegidos do Sri Lanka, que tem de uma mistura de vales e montanhas com selva. Durante 4 km, caminhei por um cenário semelhante ao Alentejo, seco e quente, para depois mudar para o interior da América do Sul, frio e húmido. A certa altura, a selva dá subitamente lugar a um enorme precipício com 800m de altura com uma vista incrível sobre as montanhas vizinhas e grande parte do território que nos rodeia. Não foi uma caminhada fácil (5 horas) mas apesar disso estavam várias pessoas a fazê-la, incluindo pessoas com muito mais anos (no mínimo 50) nas pernas do que eu!




A vista lá de cima era incrível




A um passo de 800m 





World's End






Quase todos os turistas no Sri Lanka são Indianos ou Chineses





Portugal Around the World 


Um dos maiores encantos deste país é a diversidade de ambientes.
Quem conduzir de costa a costa (350km, 7 horas) tem uma verdadeira experiência, pois consegue viver as 4 estações num só dia. Viajando pelo Sri Lanka passa-se por planícies, montanhas e savana e praias.
De um momento para o outro passamos de clima tipicamente Africano para a Amazónia. Ora se está numa zona quente, seca e plana, ora se está no meio de uma enorme serra cheia de árvores e nevoeiro a toda a volta. Passado uns quilómetros, estamos numa savana, húmida e fria, para depois passarmos nas enormes plantações de chá, nos vales verdes como os que tem a Irlanda e de seguida voltarmos às planícies iguais às nossas alentejanas.
Nas zonas quentes, como disse, era igual a estar no Este de África, com rectas intermináveis de estrada e areia nas bermas, com pequenos comércios nas aldeias a tentar cativar quem por ali passa. Estas eram as estradas que mais gostava de andar no Sri Lanka.




















No geral, os condutores aqui são civilizados, especialmente comparando com outros países onde tenho estado. Quando há (muito frequentes) ultrapassagens, há a cortesia de buzinar e quem está a ser ultrapassado chega-se para o lado. No entanto, há também uma certa hierarquia assustadora: quem tem prioridade são os maiores. Portanto se um autocarro estiver a ultrapassar e a vir na direcção oposta, quem se “tem” que desviar são as motas ou os carros que estavam bem, pois arriscam-se a levar com um bruto pedaço de metal de frente caso não o façam. Às vezes estas ultrapassagens eram arriscadas ou mesmo perigosas, mas na grande maioria dos kms que fiz raramente senti qualquer perigo.






O meu pequeno Taxi!



Quando houve um desastre juntaram-se centenas de pessoas - igual a Portugal


Talvez a casa de banho com a melhor vista do Mundo!

Entrei num hotel onde por acaso estava a haver um casamento e fui convidado a sair

Como o noivo estava vestido (não consegui tirar fotografia)














Depois da caminhada até ao World’s End segui para Arugam Bay. Arugam Bay é uma pequena aldeia que fica na costa Este do país e um dos destinos de férias preferidos aqui. Cheguei ao final da tarde e despedi-me do taxista. Acreditem ou não, nestes dias todos nunca consegui perceber o nome dele, por isso chamava-lhe sempre "my friend!".
Apesar de chegar de noite, ainda tive tempo para mergulhar novamente no Oceano Índico, que estava a uma temperatura que devia ronda os 25 e os 28 graus. Uma delicia.
Os 3 dias que se seguiram não foram bons, foram muito melhores que isso.. Nestes dias, não tive rigorosamente nada para fazer a não ser ficar de papo para o ar e aproveitar a praia, a boa comida local, boa internet e surf perfeito. Pus a conversa em dia com Portugal, li a Sábado e a Visão que me trouxeram para as Maldivas e descansei muito.

Foi aqui que me despedi do meu amigo que não sei o nome


Mergulho de chegada ao início da noite

Arugam Bay






A divertir-me um bocado com a Gopro




A saida do meu hostel, a 2 metros do meu quarto














O hostel onde fiquei

Outro casamento, desta vez na praia





O meu pequeno almoço diário, quase de borla




Apareceu uma excursão que encheu a praia num Sábado









Em dois dos dias apareceu uma tempestade ao final da tarde que desaparecia passado vinte minutos!











Passada a tempestade




Os pescadores locais, com quem fui meter conversa




Numa tarde fiquei horas a falar com os pescadores da zona, que adoraram a máquina fotográfica. No fim ofereci-lhes uns trocos e compraram cigarros "verdadeiros" porque os que tinham dinheiro para comprar eram "very bad!"


Passados estes três magníficos dias, voltei à vida real, o viajar! Já sem taxista privado, tive que fazer por regressar a Colombo, de onde ia partir e que fica na outra ponta do país. Uma hipótese era apanhar um autocarro directo, 11 horas, sem interesse. Outra, era tentar chegar a Ella, uma aldeia no meio da ilha de onde parte um comboio que, segundo o que me disseram é um dos melhores passeios para fazer no Sri Lanka. Escolhi a segunda hipótese, obviamente.
Então, depois de receber algumas indicações sobre como lá chegar, levantei-me às 5.30 da manhã e esperei o primeiro autocarro. Por fora aparentava ser normal, apenas um pouco vistoso porque tinha imensas cores e luzes. Por dentro, era um autêntico tuning: luzes e pinturas grafitti, ecrã lcd, colunas e subwoffer de fazer inveja a muitos carros das concentrações na ponte Vasco da Gama. Tinha também rendinhas em todos os bancos, e, como é normal, estava completamente lotado.
Chegando ao primeiro destino 2 horas mais tarde - uma pequena aldeia - apontaram-me qual o próximo autocarro e lá fui eu. Outro autocarro, outro show de tuning. Queria-me parecer que é um hábito comum cá. Tenho é pena das pessoas que andam neles, têm que ouvir música a um volume que se calhar nem todos gostam! Eu achei divertido e fiquei impressionado com a qualidade do som e o orgulho e alegria com que eles decoram e exibem os seus autocarros. Este demorou 2 horas.
O terceiro autocarro, o que me levaria a Ella, era menos extrovertido, e a viagem demorou 1h30 a subir uma montanha por estradas lindas.
Cheguei finalmente a Ella, 5 horas e três autocarros mais tarde, mas quando cheguei tive um pequeno desgosto: fui avisado por um local que os comboios de Ella tinham sido cancelados por causa de um deslizamento de terras. Tinha que ir até à próxima aldeia apanhar o comboio. 
Esperei então por mais um autocarro, que desta vez quando entrei já estava cheio. Tive que fazer ginástica e ser ajudado por 3 locais para conseguir entrar pela porta de trás com as mochilas, e fizemos um puzzle para cabermos todos. Meia hora assim, com alguns dos meus novos amigos de fora da porta para eu caber do lado de dentro, e finalmente chegava, pelo meio dia!







Só consegui tirar fotografias minhas no primeiro autocarro



Uma paragem nesta casa de banho nojenta

Fui logo à estação de comboios, porque o comboio estava quase a sair. A estação estava toda arranjada, feita em madeira e os seus empregados estavam impecavelmente fardados de branco, parecia vindo de um filme antigo. Aqui soube que o próximo comboio partia apenas às 19h, ou seja, de noite. O meu objectivo de ver e aproveitar o caminho ia por água abaixo! 





Para evitar grandes riscos, e como que previa que uma coisa destas pudesse acontecer (não estivéssemos no Sri Lanka!), precavi-me e fiz tudo isto com um dia de antecedência, um dia antes de ter verdadeiramente que estar em Colombo. Sendo assim, em vez de apanhar o comboio da noite e perder aquilo que me levou ali, marquei o comboio para a manhã seguinte.
Estava numa mini-cidade chamada Bandarawella, no meio de uma montanha e onde não fazia ideia o que havia para fazer ou onde dormir. 
Tratei de ir à procura de um lugar onde ficar. Andei, com as minhas duas mochilas que ficam mais pesadas a cada passo que dou até uma ponta da cidade sem ver qualquer sinal de hotel ou albergue. Ao início pus na cabeça que só ficaria num sítio barato, relativamente bom e com wifi. Passados 20 minutos de procurar, só queria uma cama em casa de alguém, fosse o que fosse! Depois de perguntar a algumas pessoas e ninguém me conseguir responder, lá me disseram que os hotéis ficavam todos na outra ponta da "cidade". Lá fui eu, andar para trás tudo o que tinha andado e mais um bocado, até encontrar uma rua com hotéis, todos eles demasiado caros para o meu budget (já tinha voltado ao meu modo forreta!). O recepcionista de um dos hotéis disse que sabia de um sítio, que ficava ali perto, que era o que procurava. Deu-me um capacete e levou-me de mota a uma guest house. Lençóis por lavar, toalhas usadas, um espelho, mas com uma cama e uma ventoinha, tudo o que precisava naquele dia. Parece ser padrão aqui no Sri Lanka, estes sítios são sempre igualmente sujos (mas ao mesmo tempo simpáticos e muito confortáveis). Nunca consegui ficar num sítio que tivesse uma cama ou uma fronha lavada. Talvez para isso seja preciso ficar num hotel de luxo! Mas não me importei nem um bocadinho, pois são culturas e a nossa é diferente mas isto é que é o normal por estes lados.



 Agora só tinha que arranjar o que fazer até à noite. Como era Domingo, estava a haver um mercado de frutas e legumes. Um mercado enorme onde provavelmente todos os restaurantes da região se abastecem. Aproveitei para almoçar aqui o meu último caril do Sri Lanka, o primeiro que me ardeu a boca, e também aproveitei para comprar umas sementes de Chilli que vou tentar plantar em casa quando voltar. Passei o resto do dia a fazer maratona de filmes, practivamente os primeiros que vi desde que saí, em Fevereiro, tirando os que vi em Aviões ou no barco das Maldivas.

População em Bandarawella









Onde almoçei no mercado

Os meus companheiros de almoço







No dia seguinte, levantei-me novamente às 5.30 para apanhar o comboio. Despedi-me do meu pequeno almoço preferido aqui no Sri Lanka - string hoppers com molho de caril, e fui para a estação.
A viagem de comboio é um espectáculo! A linha passa por sítios simplesmente incríveis por entre montanhas, vales, enormes plantações de chá e pequenas aldeias. As vistas eram deslumbrantes. Sem dúvida compensou fazer este esforço, apesar de ter tido algum azar com nevoeiro durante algumas horas da viagem. 


O meu último pequeno-almoço no Sri Lanka

O caminho de comboio

A vista durante quase todo o caminho


Lugar privilegiado











O fim do caminho, 9 horas mais tarde






Tive ainda que apanhar um segundo comboio, para ir exactamente onde queria. Este comboio estava completamente cheio, durante uma parte quase tive que ir de fora!

Fiz esta parte viagem na companhia de uma família de 4 canadianos, os pais e duas filhas, que estão a viajar pelo mundo durante 8 meses depois de elas "esmifrarem" um ano escolar em poucos meses. Estas histórias servem para mim de grande inspiração. Espero um dia poder ter este tipo de aventuras e aventuras com os meus filhos.




Cheguei a Colombo, pronto para embarcar na próxima aventura!




Encontrei uns amigos que estavam cansados e tiveram que ser fotografados


Around the World!

O Sri Lanka foi dos países que mais gostei de visitar em toda a viagem. Subiu directamente para o topo dos meus países preferidos no Mundo, junto da Bolívia, Nova Zelândia, Namíbia e Japão.
Recomendo fortemente a quem estiver a pensar, não hesite em aqui vir, porque vale mesmo a pena.

Apenas deixo uma crítica ao país: Embora tudo seja demasiado bom e barato para acreditar (uma refeição custa sempre menos de 1€), todos os Templos, museus ou atracções turísticas estão completamente inflacionados. Os preços para entrar nestes lugares são estupidamente caros, absurdos. (a entrada num templo qualquer custa sempre pelo menos 10€, num país que tem como ordenado mínimo 150€ e um quarto de hotel vale 5€).
Outra nota, tem a ver com o Budismo e os locais de adoração a esta religião que obviamente muito respeito:
Este país, como outros países Budistas onde não sei se funciona de forma idêntica, está cheio de simbolismo. Foi o primeiro contacto verdadeiro que tive com o Budismo e onde pude aprender um pouco mais sobre a religião, que tem muitos tópicos em comum com a minha, o Catolicismo. Gostei de tudo o que aprendi, e fiquei a respeitar e admirar ainda mais a sua mensagem. Mas não deixei de reparar no facto de qualquer que seja o local, quer seja um templo, uma estátua ou uma mera imagem, estar constantemente a recolher dinheiro do povo. Este círculo de Templos vive como uma indústria. Além de, como disse, cobrarem aos turistas preços absurdos pelas entradas nos templos, o que é mau mas aceitável, é costume e quase obrigação comprar uma oferenda, doação ao Buda e aos Templos ou referências. Isto somado dá largas somas de dinheiro, eu vi circularem milhares e milhares de notas na compra destas oferendas ou em diversas compras, que iam desde flores, velas, textos, imagens, e muito dinheiro oferecido. Por exemplo, os motoristas dos autocarros param na berma da estrada onde está uma imagem do Buda apenas para deixar uma nota, sem rezarem, e seguir viagem.
Depois, há os parques de estacionamento, as lembranças e souvenirs, até o sítio que guarda os sapatos nos pede dinheiro (e é obrigatório lá deixar). Não apreciei muito disto. Senti que deveria ser diferente. É normal os fiéis fazerem oferendas, a Igreja tem que sobreviver, mas não concordo com a criação de toda uma indústria à volta disso. Repito que esta é uma opinião pessoal e aceito quem não concorde! Em Fátima e na nossa igreja também vemos alguns casos algo semelhantes.





Templo Tamil

Encontrei algumas (poucas) referências Católicas no Sri Lanka




Próximo destino: Vietname (o avião vai para Banguecoque, mas para evitar a confusão lá instalada sigo directamente para Ho Chi Minh City).