Este é o último post em África.
A minha vinda a Moçambique não estava nos planos, nem tinha interesse especial
neste país por duas razões: sabia que havia de cá vir um dia noutra altura da minha vida,
mas também por causa do conflito político que está a haver. Por isso, não recolhi
nenhum tipo de informação ou plano de viagem.
Mas estar em África e não conhecer um país que faz parte da nossa história é um erro. Além disso, fui practicamente obrigado a vir pelos meus amigos que cá estiveram. Depois de ler o livro "Alcatrão" do meu amigo Luis Brito - que digo desde já que é obrigatório ler para quem gosta de viajar - ganhei inspiração e decidi aventurar-me sem saber grande coisa sobre onde ir, como ir, onde ficar, o que fazer, etc. Recebi umas dicas de algumas pessoas e fui à descoberta, adaptando-me no dia a dia consoante o que ia acontecendo.
Depois de dois dias infernais que anteriormente descrevi e tão cedo não irei esquecer, foi altura de voltar a fazer coisas normais!
Em Vilanculos estava practicamente sozinho em termos de turistas. Estamos em época baixa, o turismo em Moçambique não tem a mesma promoção que outros países e o conflito político e militar que está a haver não ajuda.
Por estar vazio, tive direito a um quarto privado no hostel onde fiquei. A primeira noite que dormi depois das 42 horas de viagem foi também a primeira noite que dormi num quarto sozinho desde o início da viagem, sem outras pessoas a ressonar, a fazer malas, mexer em sacos, etc. Foi uma noite muitíssimo bem dormida e soube mesmo bem descansar.
Estando em Vilanculos, o principal que há para fazer é ir ver a ilha de
Bazaruto.
Uma viagem de 45 minutos de barco leva-nos ao arquipélago com o mesmo nome, onde fica esta ilha magnífica.
Quem imagina uma praia paradisíaca de areia branca, água azul turquesa transparente, corais de todas as cores com peixes a nadar - tudo o que faz parte de um postal de sonho, é precisamente ali!
Fiquei todo o dia na ilha, a fazer caminhadas pela areia, subir as dunas. a fazer snorkling, a nadar e a não fazer nada.
Ao almoço fizeram-nos a melhor refeição que comi até aí desde que saí de Portugal, um peixe grelhado com refogado de tomate, seguido de um prato de lulas grelhadas - tudo acabado de pescar, um bom prenúncio para o que estava aí a vir em Moçambique. Almocei deitado na areia a comer e a apreciar o lugar. Incrível!
Mas estar em África e não conhecer um país que faz parte da nossa história é um erro. Além disso, fui practicamente obrigado a vir pelos meus amigos que cá estiveram. Depois de ler o livro "Alcatrão" do meu amigo Luis Brito - que digo desde já que é obrigatório ler para quem gosta de viajar - ganhei inspiração e decidi aventurar-me sem saber grande coisa sobre onde ir, como ir, onde ficar, o que fazer, etc. Recebi umas dicas de algumas pessoas e fui à descoberta, adaptando-me no dia a dia consoante o que ia acontecendo.
Depois de dois dias infernais que anteriormente descrevi e tão cedo não irei esquecer, foi altura de voltar a fazer coisas normais!
Em Vilanculos estava practicamente sozinho em termos de turistas. Estamos em época baixa, o turismo em Moçambique não tem a mesma promoção que outros países e o conflito político e militar que está a haver não ajuda.
Por estar vazio, tive direito a um quarto privado no hostel onde fiquei. A primeira noite que dormi depois das 42 horas de viagem foi também a primeira noite que dormi num quarto sozinho desde o início da viagem, sem outras pessoas a ressonar, a fazer malas, mexer em sacos, etc. Foi uma noite muitíssimo bem dormida e soube mesmo bem descansar.
O que 7€ me proporcionaram nessa noite |
Uma viagem de 45 minutos de barco leva-nos ao arquipélago com o mesmo nome, onde fica esta ilha magnífica.
Quem imagina uma praia paradisíaca de areia branca, água azul turquesa transparente, corais de todas as cores com peixes a nadar - tudo o que faz parte de um postal de sonho, é precisamente ali!
Fiquei todo o dia na ilha, a fazer caminhadas pela areia, subir as dunas. a fazer snorkling, a nadar e a não fazer nada.
Ao almoço fizeram-nos a melhor refeição que comi até aí desde que saí de Portugal, um peixe grelhado com refogado de tomate, seguido de um prato de lulas grelhadas - tudo acabado de pescar, um bom prenúncio para o que estava aí a vir em Moçambique. Almocei deitado na areia a comer e a apreciar o lugar. Incrível!
Em Moçambique vi muitos adeptos do scp - todos levaram uma boca minha! |
De volta a Vilanculos, tive ainda oportunidade de no dia seguinte almoçar com
um local que conheci, dentro de um abrigo onde apenas as pessoas da aldeia iam - uma
refeição típica: frango com Chima, uma espécie
de puré feito de farinha de milho, que sabe muito bem com o molho do frango. É
muito barato e alimenta bem, portanto é o alimento básico comido por toda a
gente aqui, tendo nomes diferentes em cada país.
Depois de dois dias em Vilanculos, decidi partir para o Tofo, 4 horas mais a sul.
MUSSA
Este é o Mussa
Depois de dois dias em Vilanculos, decidi partir para o Tofo, 4 horas mais a sul.
MUSSA
Este é o Mussa
Conheci o Mussa no caminho de Vilanculos para Maxixe. Eram quatro horas de viagem e depois do
episódio do Chapa onde quase tive um desastre, disse que só ia se pudesse ir
sentado no banco da frente, com cinto de segurança. O Mussa também queria ir
nesse lugar, e apesar de ser um senhor mais velho, deixei a etiqueta de lado e
impus que o lugar fosse meu. Sentei-me então no meu lugar e contei-lhe a
história e razão da minha insistência, que aí ele compreendeu e não ficou
chateado. A viagem foi bem tranquila, o condutor era atinado, o carro não
ultrapassava as 15/16 pessoas, e apesar de levarmos painéis solares dentro do
carro, bicicletas no tejadilho, um saco de centenas de quilos de trigo preso
por uma corda à mala do lado de fora, bem como algum tipo de pássaro a cantar
que não percebi bem qual era, a viagem correu bastante bem. Como era de noite
deu para ver como eram as aldeias a essa hora: comunidades a jantar juntas,
grupos de 10/20 pessoas reunidas a ver uma televisão minúscula, algumas aldeias
desertas, outras cheias de vida, e muita coisa engraçada por todo o caminho.
Contei ao Mussa o plano da minha viagem, o que tinha gostado mais em África,
aprendi dele a profundidade do problema político que se passa em Moçambique,
falámos sobre as nossas famílias, amigos, etc. O Mussa tem 12 filhos de 3
mulheres diferentes e 5 netos. Continua casado com a primeira mulher, Mãe dos
seus primeiros 6 filhos e uma pessoa pelos vistos bastante tolerante. Ele disse
que eram "tempos de brincadeira" e que agora estava arrependido, e
admirava muito a mulher por ter aturado tanta coisa.
O meu plano nesse dia era chegar ao Tofo, mais a sul. Sem saber como fazer, sabia
que haveria de chegar lá se fosse apanhando chapas. Fiz o que a maioria das
pessoas me sugeriu: Primeiro ir a Maxixe, depois apanhar um barco para
Inhambane e aí um Chapa para o Tofo (eu sei que sem mapa é difícil perceber mas
na teoria é fácil).
Quando contei o plano ao Mussa, ele avisou-me que era impossível chegar ao Tofo
nessa noite, pois os Chapas a partir de Inhambane já tinham acabado até amanhã.
Decidimos então que ia ter de procurar um hotel qualquer em Inhambane, uma
alternativa que ia ser bastante mais cara mas era a única hipótese.
Continuei a conversa com o Mussa, sobre tudo e mais alguma coisa. Perguntou
como era a Europa, sabia muito sobre o nosso país e a história
Moçambique-Portugal.
Quando chegámos a Maxixe, às 21h, ele explicou-me como funcionava o barco e
levou-me com ele, pois vive em Inhambane. No barco, um ferry normal, senti-me
um ser anormal, pois como já estou habituado era o único branco e toda a gente
olhou fixamente para mim como se fosse a primeira vez que viam um.
O barco chegou ao seu destino, Inhambane, ou como disse Vasco da Gama,
"Terra de Boa Gente"! Comprovei isso mesmo mal cheguei: o Mussa tinha
uma surpresa guardada para mim: viu como estava sem saber muito bem como
resolver o problema da minha estadia, porque já era tarde (22h), contou-me a história do hotel, mas uma vez em Inhambane, teve a
amabilidade de me convidar para ficar a dormir em sua casa. Por toda a África, todas as aldeias ou cidades por onde passei, sempre tive um enorme
desejo em saber como seria a vida das pessoas, como funcionava a sua
convivência, o interior das suas casas. Foi uma das coisas que mais me
intrigou nesta viagem e sabia que ia chegar a oportunidade de conhecer uma
destas famílias, entrar nas suas vidas por um dia, fazer parte desse seu dia! Era então o momento perfeito
para o fazer (além de dar muito jeito por não ter sítio para dormir). Fiquei de
tal forma grato ao Mussa que o convidei para ir beber uma cerveja a um lado
qualquer. Levou-me à sua taberna habitual, uma espécie de lanchonete onde
conversa com os amigos e onde estavam meia centena de pessoas coladas a um ecrã
de televisão a ver o Chelsea jogar! Não só tinha arranjado uma cama para
dormir, como estava a ter um dia/noite normal destas pessoas, a conviver com
os locais de Inhambane, que era exactamente o que eu queria! Foi uma alegria, bebemos quase dois litros de cerveja
cada, conversámos entre nós e com os amigos dele, aproveitei e jantei o meu
prato habitual - frango com Chima.
A casa do Mussa era num bairro limpo feito todo ele em Caniço. Tinha um muro, um
quintal onde ficava a casa de banho e por dentro a casa era bem arranjada e
tinha um quarto com cama de casal só para mim. A melhor estadia até agora nesta
viagem sem dúvida! Quando chegámos, depos da meia noite, conheci a mulher dele,
a Luisa, e também a nora deles.
Dormi muito bem. De manhã prepararam-me um chá e fizeram tudo para que eu me sentisse em casa. A
Luisa falou orgulhosa das suas flores, o Mussa mostrou-me os seus coelhos e
pombos que parecem ser o mais importante da casa, e provei as laranjas que
plantavam no quintal.
O casal |
O quintal, onde fica a casa de banho |
O mussa orgulhoso dos coelhos |
O meu quarto nessa noite |
A tratar das plantas |
Passei a manhã em casa e de seguida fui com o Mussa para o centro da aldeia,
esperar pelo Autocarro para o Tofo, pois era metade do preço do chapa (0,25€) e
era mais confortável. Enquanto esperávamos, durante uma hora, fomos à barraca
onde ele costuma estar durante o dia, que não é mais que uma loja de
conveniência de 10m2 com shampôs, leite, etc. e também alguma comida. Não
consegui encontrar grande coisa para comer, então pedi um pacote de bolachas de
chocolate e um sumo. Deve ser estranho pedirem sumo ali, porque me deram um
pacote de 1L de Ceres! O Mussa optou por uma garrafa inteira de vinho, que
bebeu no tempo em que estávamos à espera.
Terminada a estadia em Inhambane, cheguei finalmente ao Tofo, um dia mais tarde mas com uma
grande história para contar...
TOFO
Vim para o Tofo para fazer surf, porque ouvi dizer que era dos melhores sítios
em Moçambique. Quando cheguei, vi uma pequena aldeia com gente simpática, uma
praia brutal com resorts de luxo, mas as ondas pareciam piores que más.
O hostel onde fiquei |
Nem dois minutos tinham passado quando uma das pessoas que trabalha no hostel onde estava a fazer check in me perguntou se queria ir fazer o Ocean Safari que começava daí a uma hora. Disse que sim porque me tinham dito que valia a pena: um passeio de duas horas num barco à procura de tubarões-baleia para depois mergulhar e nadat com eles. Parecia o programa ideal! Andámos durante practicamente duas horas de um lado para o outro, mas não só não encontrámos nada, como perto do fim o guia disse para fazermos um bocado de snorkling no mar para compensar a ausência de tubarões-baleia e logo que entrei dentro de água senti umas picadas de lado na barriga. Vim para o barco de imediato, e as outras 7 pessoas que estavam dentro de água vieram também: todos tínhamos sido picados por alforrecas um segundo após entrarmos na água! Uns na barriga, outros no braço, houve um que foi picado na boca. Explicaram que não eram venenosas então não havia grande perigo, mas doeu bastante. Foi um belo programa, por 20€ pude ir andar de barco aos saltos nas ondas, não ver o que quer que fosse e ainda ser picado por uma alforreca!
Fui jantar ao centro da vila com um grupo de turistas que conheci e comi um peixe incrível e também incrivelmente barato. Percebi que era a aldeia onde ia poder comer melhor.
No segundo dia, não fiz literalmente nada a não ser estar deitado ao sol na
praia e ir à vila comer: fui ao mercado ver o que havia, e fui abordado por uns pescadores que tinham acabado de
trazer umas lagostas, que negociei e pedi para cozinharem. Almoçei no interior
do mercado, onde os turistas normalmente não entram e comi uma lagosta inteira com um prato arroz por menos de 4€. Depoism comprei fruta - quatro maracujás, 6
bananas e uma laranja por 1€! Não gosto de falar de dinheiro, mas estava tão
impressionado com os baixos preços da comida que achei que devia partilhar.
Ao
jantar encontrei uma outra barraca onde conheci a Dona Maria e onde passei a comer quase todas as refeições: peixe-pedra, um dos
melhores peixes que já comi por 3,75€ e um caril de amendoim com carne por
1.40€! Fosse sempre assim!
A minha lagosta acabada de vir do mar |
A lagosta a ser cozinhada |
Finalmente no meu prato! |
A barraca da Dona Maria |
A própria a fazer o meu almoço |
Estar nestas barracas a ver a novela é o programa de muitos locais, então passei a fazer o mesmo! |
Enquanto estive no Tofo aproveitei para conhecer tanta gente quanto possível. Das pessoas que conheci, uma que marcou foi o Chibo. O Chibo aprendeu sozinho a desenvolver arte em
Côco e hoje em dia faz estes rádios espectaculares! Tocam mp3 em pen ou cartão
de memória. Tem página de facebook e tudo, o sonho dele é ir fazer estes rádios no Mundial de futebol no
Brasil este Verão.
Ganhou
algum dinheiro ao longo do tempo a fazê-los e isso trouxe-lhe problemas: numa
noite em que bebeu de mais, umas pessoas invejosas disseram às autoridades que
tinha violado uma jovem da terra. Então, foi preso e ficou lá 5 dias sem comer, agarrado
a um poste, até ser provado que nenhuma rapariga tinha sido violada,
logo a história era mentira. Mesmo assim, diz que não ficou magoado com quem lhe fez isso.
O
Chibo teve uma filha aos 18 anos, que sustentou e tomou conta para a namorada
poder estudar. Quando terminou os estudos, a namorada deixou-o e levou a filha
consigo, deixando o Chibo sozinho. Passados nove anos, a namorada decidiu
voltar para ele e ele aceitou. Hoje em dia têm outro filho. Muitos diriam que é parvo, mas ele acredita...Já passou por muito e felizmente parece que as coisas lhe continuam sempre a correr bem!
Outra das razões que me trouxe ao Tofo foi a insistência do Lula (Luís Brito)
em eu conhecer um amigo seu Moçambicano com quem conviveu muito tempo quando cá
esteve e que agora morava nesta vila. Apenas ao terceiro dia me consegui
encontrar com o Hendy. Passei o dia todo com ele e com os amigos.
Esta fotografia tem muito que se lhe diga - O Hendy é uma das personagens que aparece no Livo Alcatrão |
A certa
altura, numa conversa com uma rapariga local em que ela lhe
conta algo que não consegui entender por falarem em dialecto, ele
levanta-se espantado e chama-me. Fomos ver o que se passava: um amigo do Hendy, que vivia
no Tofo há uns meses, Moçambicano mas por ter sido criado por um casal Jamaicano só sabia falar Inglês, tinha finalmente encontrado a Mãe passados 26 anos!
Era uma
senhora da zona que ouviu a história dele. Contou que quando teve o filho,
um casal de Jamaicanos também teve um no mesmo hospital, mas que morreu à
nascença. Então, roubaram o bebé dela e deixaram-lhe o deles! Até saber da história do rapaz quando este chegou ao Tofo, a senhora nunca tinha sabido nada do seu filho, mas sabendo que tinha sido "adoptado" por Jamaicanos, apercebeu-se de que era o seu filho.
Ainda teriam de ser feitos testes de ADN para confirmar a veracidade da
história, mas ele parecia bastante feliz e convicto de que era mesmo a sua Mãe.
Gostava de saber o seguimento da história, mas pelo menos assisti a um dos
primeiros momentos depois de Mãe e filho se conhecerem!
Ao fim da tarde, fui à praia jogar futebol com o Hendy e os jovens da aldeia.
Um jogo de 11 contra 11 à beira-mar.
Uma maneira perfeita de terminar a estadia no Tofo. Incrível a capacidade
física de todos eles: mais de uma hora a correr na areia, sem parar. Ao fim de menos de meia hora, eu ofegava. Durante mais de uma hora, eles continuavam a correr a um ritmo de loucos. Vale a pena informar também que o jogo foi ganho pela minha equipa...
Jogo de futebol na praia |
MAPUTO
Durante a noite, fui para Maputo, capital de Moçambique. É uma cidade cheia de problemas, que toda a gente diz ser desinteressante, mas é a cidade onde nasceu e viveu muitos anos a minha Avó e também onde nasceu e foi criado o Eusébio.
Em
Maputo fui acolhido pela família de uns amigos meus, que me receberam como um Rei: desde
me irem buscar e levar a todo o lado, me disponibilizarem um motorista para
andar pela cidade, me levarem a provar comida típica Moçambicana, a me darem uma cama e
roupa lavada, foi como se tivesse voltado a casa durante uns dias.
A
Joana e o Luís, casal que me recebeu têm um grupo de amigos também Portugueses
que por ser fim-de-semana se juntaram todos a jantar e a almoçar. Pude matar
saudades de casa com uma bela carne de porco à Alentejana e uma sopa de marisco.
Foram
três dias em que pude conhecer um pouco da cidade, ver a enorme influência
Portuguesa que lá existe, experimentar o terror que é o trânsito local e também
ver alguns amigos de Portugal. Vi o principal que havia para ver, e inclusive
dei um mergulho na baía de Maputo, coisa que ouvi dizer não é muito comum!
Achei
Maputo uma cidade confusa mas com vida, que é mais fácil de visitar com os luxos que eu tive – com transporte, pessoas que saibam onde ir, etc. Ir à
descoberta não teria sido muito fácil.
Num
dos passeios, passei por uma pastelaria Portuguesa e comi um pastel de nata que também foi bom para matar saudades. Fui a um restaurante Português jantar frango com
Piri-Piri (no mundo inteiro luto para explicar que esse não é o nosso único
prato!) e num bar da moda encontrei-me com alguns amigos de Portugal que estão a viver em
Maputo.
Maputo:
Mercado |
O primeiro pastel de nata que encontrei em África |
Na estrada cada um cria a faixa que quiser
|
Pôr do sol na Marginal |
Roupa engomada - a primeira vez em dois meses! |
Carne de Porco à Alentejana |
Foi óptimo estar aqui, especialmente nas condições que tive, para recarregar baterias, tomar finalmente um banho decente, comer bem e descansar destes primeiros quase dois meses de viagem.
Seguiu-se um autocarro nocturno para Joanesburgo, na África do Sul, onde estive novamente com o Simon (de Cape Town). Agora meu amigo, o Simon teve a bondade de me ir buscar à estação às 5 da manhã. Consegui ver pouco da cidade no tempo que lá estive, mas chegou para ter uma pequena noção do que é esta enorme cidade - dos lugares mais modernos que vi em África, com grandes prédios, transportes recentes, casas luxuosas, ruas limpas e mais seguro que a fama que tem!
ADEUS ÁFRICA
Termina
agora esta minha primeira aventura por África. Vão ter de acontecer mais, pois
o que eu vi é apenas um pequeno bocado do que há ainda para conhecer.
Em resumo, depois de passar estes dois meses por aqui, África foi para mim significado de:
Em resumo, depois de passar estes dois meses por aqui, África foi para mim significado de:
- Experiências inesquecíveis - Fiz coisas que nunca imaginei poder fazer, das quais nunca me vou esquecer - Saltar de rochas de 18 m; Nadar com tubarões brancos; Subir as dunas mais bonitas do mundo; Guiar uma moto4 no meio do deserto; Acampar no céu mais estrelado que já vi; Brincar com chitas; Caminhar com leões; Dormir a ouvir animais selvagens; Ver as Victoria Falls a partir do céu; Dormir em casa de uma família Moçambicana; entre muitas outras coisas, me vão fazer estar eternamente grato por ter tido esta oportunidade!;
- Alguns dos lugares mais bonitos do mundo - Desertos, florestas, planícies, animais, pessoas. Um conjunto de elementos que fazem de África um dos mais importantes e bonitos sítios do Planeta;
-Pobreza
absoluta – São incríveis as poucas condições em que grande parte das pessoas vive.
Casas de banho, pratos, sapatos, água potável. São coisas que para nós são
básicas mas que muitos, demasiados mesmo, não têm. (Não é para ser cliché; não
têm mesmo!);
-Pobreza relativa – Apesar de não terem nada, fazem as suas vidas de uma forma
aparentemente tranquila e feliz. Nas ruas as pessoas estão claramente mais
animadas e vi muito mais gente com sorrisos na cara, dispostas a conversar e a ajudar do que na Europa ou outros
sítios desenvolvidos;
- Comércio - Desde a mais pequena aldeia à maior cidade, em qualquer esquina se está a vender, comprar, trocar ou a comerciar qualquer coisa;
- Roupa usada – Um negócio que em África tem uma dimensão astronómica! É
provavelmente o maior, o que se vê mais em todo o lado;
- Europeu, branco, é sinónimo de rico;
- Frango com Chima, Satza, Pap, Ugali - Em cada sítio um nome diferente, mas o mesmo prato – farinha de milho e água, que criam uma espécie de puré, comido em todo, todo o lado;
- Chelsea
– Por onde quer que passasse, não houve um lugar em que não visse uma camisola
do Chelsea. Às vezes podia ser a camisola oficial, uma t-shirt de treino, ou
apenas uma t-shirt branca com o logotipo e o patrocínio da Samsung lá
desenhado. Mas é claramente o clube mais representado e apoiado nos lugares onde estive;
- O
meu perfume mudou durante dois meses – Não por ter mudado de marca, mas sim
porque tive constantemente, dezenas de vezes por dia, de pôr repelente de
mosquitos, que tinha um cheiro forte e característico que, ao fim de umas semanas,
assumi como o meu cheiro enquanto em África. Finalmente vou deixar de o ter de usar!;
- Crianças
- muitas crianças! - Em todo o lado se vêm milhares crianças na rua. Podem estar com ou sem os pais (muitas vezes sem), mas estão sempre
alegres e bem dispostas. Nunca tinha visto tantas, tantas vezes, principalmente em Moçambique, onde o número de crianças que se vê a andar, a brincar ou a trabalhar é impressionante;
- Ter de andar com cuidado para não pisar cobras;
- Km's e Km's de estrada;
- Ouvir leões, hipopótamos e outros animais à volta dos sítios onde estive a acampar;
- Muitas outras coisas que não consegui explicar, que vão ficar para sempre na minha memória!
Próximo destino: Miami!
Gostei muito. Continuação de boa viagem e vá sempre escrevendo.
ResponderEliminarMaria
Parabéns Fernando. Esta excelente e muito giro de se ler. Boa sorte, boa viagem e vai continuando a contar coisas. Um abraço Francisco Nóbrega
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