What's this?

Tenho tentado actualizar o blog sempre que possível, mas às vezes é complicado encontrar internet suficientemente boa.

Espero que gostem!


O que é que se faz quando se tem o trabalho perfeito, mas ao mesmo tempo se tem como maior objectivo e sonho de vida viajar o Mundo?

Vai-se viajar!

Foi o que eu fiz. O meu nome é Fernando Costa, tenho 27 anos e trabalho há 4 no melhor emprego do mundo, a organizar a etapa Portuguesa do Circuito Mundial de Surf - o Moche Rip Curl Pro Portugal (http://live.ripcurl.com/portugal-home-2013.html). Para mim este é o melhor trabalho que poderia querer ter.

Mas acontece que ao mesmo tempo, o maior objectivo nesta fase da minha vida era viajar pelo Mundo, ver os 6 Continentes (7 para quem conta com Antártida, mas esse fica para outra altura qualquer); conhecer as diferentes culturas e ter o maior número de experiências culturais possível. São estas as coisas que me fazem mais feliz, além da minha família e amigos (parece cliché, mas é mesmo assim)

Sendo assim, decidi partir para uma aventura de cinco meses a viajar pelo que me faltava no Mundo. Até hoje, estive dois meses a viajar pela América do Sul em 2009, três meses a viajar pela Austrália e Nova Zelândia em 2012, e vivi um ano nos Estados Unidos onde também deu para passear um bocado.

Sem ter qualquer plano definido, o objectivo passa por conhecer muito bem Africa e Ásia, e vai ser obrigatório passar 11 dias na California na despedida de solteiro de um amigo.

Quanto ao trabalho, foi posto "de lado" por enquanto, mas pode ser que volte. Se for possível, vai voltar, se não for, é por uma boa causa.

Se não tivesse sido agora, não era nunca..


SE QUISEREM LEIAM, SE NÃO, VEJAM SÓ AS IMAGENS!!

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20/03/2014

ZIMBABWE



ZIMBABWE 

Este post é só acerca de Victoria Falls no Zimbabwe, o próximo post vai ser do resto do Zimbabwe misturado com o próximo destino que é Moçambique pois todo ele tem uma história.

O Zimbabwe é conhecido por ser o país do Robert Mugabe. Tem muitos problemas políticos e financeiros e acho que isso se reflecte nas pessoas. Foi o povo menos simpático que conheci em África, com a industria do turismo mais agressiva, os preços mais altos e alguns outros aspectos negativos, mas também outros positivos.
Mal entrámos no Zimbabwe, fomos em direcção a Victoria Falls, ou Cataratas Victoria. Trata-se de uma das 3 maiores e mais reconhecidas cataratas do Mundo, juntamente com Iguaçu e Niagara e são uma das 7 maravilhas Naturais do Planeta.
Era o último destino com o grupo do Overland Tour. A partir daí estive outra vez sozinho a viajar, portanto foi altura de me despedir das pessoas com quem estive nos últimos 21 dias.
As Cataratas fazem fronteira entre o Zimbabwe e a Zâmbia, mas a Cidade Victoria Falls, onde estive, fica no lado do Zimbabwe.







É uma cidade demasiado virada para o Turismo e lida com isso da pior maneira: não consegui dar um passo na rua sem ser abordado, agarrado, perseguido e insistentemente chateado por mil vendedores de todo o tipo de produtos: artes tradicionais, programas turísticos, notas de 1 bilião da moeda deles (deixou de existir, agora usam o US Dollar) ou o que quer que fosse. Foi um pesadelo andar na rua, almoçar, etc. Mas acabou também por dar muito jeito, porque joguei com isso e fui negociar os preços das actividades que queria fazer e das coisas que queria comprar. Em uma hora, poupei 50€ nos dois programas que marquei e mais de 40€ em souvenirs.

Os locais de Victoria Falls são obcecados por roupa de marcas Europeias e Americanas. Sabendo isso, levei ao mercado de artes tradicionais alguma roupa velha que tinha e estava estragada

(que usei no voluntariado em Jeffreys Bay por exemplo) e deu para trocar por uma data de coisas. Um boné valeu-me uma coisa de 10€, uns calções valeram-me 30€ e uma t-shirt valeu apenas uma pulseira porque já não tinha mais onde pôr as coisas!


Depois de trocar uma t-shirt com um local por uma pulseira
Fui ver as Cataratas de duas maneiras: a pé, o passeio normal, a acompanhar um dos lados, um passeio com um cenário que parecia um filme! Água a cair por entre verde das árvores e um arco-iris mesmo no meio das cataratas a fazer valer cada cêntimo da visita. A quantidade de água que cai das cataratas é de uma imensidão que só vendo ali dá para perceber. Estamos em época das chuvas, pelo que a circulação de água é ainda maior que o normal. Em certos sítios, não dava para estar pois era completamente como se estivesse a chover tal era a quantidade de água a ressaltar para o topo.










Água a bater em água e a subir 110m - chuva em dia de sol





A outra forma de que visitei as Victoria Falls foi pelo ar, de helicóptero. Nunca tinha andado de helicóptero, e ali era a maneira ideal para me estrear. A vista do ar é incrível mesmo! Desta forma dá para perceber a imensa dimensão que aquilo tem, bem como ver os arredores, o rio Zambezi de onde vem toda a água, onde desagua, etc. Tudo muito bonito, recomendo virem cá.


Vista de longe, a água ressalta para mais de 100m de altura


















O Rio Zambezi, que desagua nas Cataratas Victoria

A árvore milenar de Victoria Falls (tem 1500 anos) - antes de eu ser expulso pelo segurança
Além das Cataratas Victoria, a cidade tem ainda outras duas atracções: uma árvore com 1500 anos e um Lion Encounter, que é um encontro entre humanos e leões.


Uma empresa da Zâmbia está a fazer um grande esforço para recuperar a população de leões por toda a África, que desceu em pouco tempo de centenas de milhares para apenas 32.000 (os meus amigos sportinguistas que se ponham alerta, podem ter de mudar de mascote). Como tal, esta empresa criou uma espécie de reserva privada para criar leões, bem como um centro de encontro entre leões e humanos para sustentar a causa. Este centro acolhe leões desde o nascimento até aos 18 meses, altura em que são libertados na selva.
Neste momento, existem no centro duas leoas, ambas com 17 meses, portanto já em tamanho adulto. Foi neste lugar que tive (mais) uma experiência inesquecível. Pude conhecer, passear, tocar e ver de muito perto o animal que poucos têm oportunidade de ver fora de jardins zoológicos. Embora menos descontraído do que com as chitas, o passeio com os leões foi incrível. É um animal que mete mesmo muito respeito e os meus movimentos tiveram que ser sempre muito controlados e limitados para evitar qualquer risco. Tive que estar sempre atrás deles, com um pau preparado para lhes apontar (têm medo) caso se virassem para mim, só me podia baixar com um joelho no chão e sempre com ar confiante, para impor respeito. Ao contrário das Chitas, os leões não deixam que ninguém se aproxime demasiado deles a não ser um superior hierárquico, que é como vêm os seus tratadores.
Para sempre, aos meus filhos e netos, vou poder dizer que estive a passear e a brincar com leões!

Peço desde já desculpa pela quantidade de fotografias, mas não resisti pôr quase tantas quanto tirei durante o dia!



















Em terra de Leões é importante mostrar que quem manda é a Águia, notou-se muito respeito!




BOTSWANA






Sem qualquer objectivo de troçar, gozar, ou dizer mal, a entrada no Botswana foi cómica. Ainda na fronteira, o guarda que fazia o controlo dos passaportes pôs uma folha em cima do balcão, folha essa que dizia: "por favor ajudem a concretizar o nosso casamento" com a fotografia de um casal amigo, um pedido de dinheiro e a lista de quem tinha deixado algum para ajudar. Tinha deixado a carteira no camião, senão tinha ajudado. Nunca tinha assistido a uma situação parecida numa fronteira, deu vontade de rir mas com guardas em serviços aduaneiros achei melhor nao brincar..
Na Namibia as estradas eram de gravilha mas bem mantidas, confortáveis. No Botswana, ou pelo menos nos primeiros 150km as estradas são de bocados de terra, alcatrão, lama e pedra tudo junto. Mas o pior não é a sua qualidade, mas estarem apetrechadas de animais! Não é possível andar mais de 2km sem ter de parar para esperar que um burro ou uma vaca saia da estrada, ou para nos desviarmos de um ou vários animais! É uma risada e parece mais que habitual aqui. 
Depois de 150km a qualidade das estradas melhorou, mas as vacas, burros e galinhas continuaram!






O primeiro sítio que fui no Botswana foi o Okavango Delta.
Foram 3 dias numa ilha deserta no meio de um dos rios do Delta (um delta é uma Foz de um rio, neste caso o Rio Okavango, que vem desde Angola). Levámos todo o material para acampar, comida e o indispensável de roupa e higiene para os três dias.
De barco fomos levados a uma aldeia chamada Boro, que fica no meio do Delta. Esta aldeia não tem electricidade nem grande contacto com qualquer lugar civilizado a não ser pelo turismo. Desta aldeia, partimos em Mokoros remados pelos locais. Mokoros são canoas que andam na margem dos rios, originalmente feitas em madeira mas agora em fibra de vidro, conduzidas por um “Poler” que tem um pau de madeira que usa para empurrar o fundo do rio e assim fazer o Mokoro andar. Depois de uma viagem de 1h30 em Mokoros pelo meio dos canaviais, chegámos ao nosso local de acampamento. Foi um passeio lindo no meio dos caniçais, feito num transporte completamente novo para mim.
A preparação dos Mokoros




















Devo confessar que nas primeiras horas na ilha muitos receios me vieram à cabeça: afinal estávamos entregues a 8 locais, numa ilha a 10 km de qualquer civilização, onde se quiséssemos chegar era possível apenas de Mokoro e em caminhos cheios de hipopótamos e crocodilos. Tive algum medo, mas rapidamente pensei que estava a ser estúpido e que estas ideias vinham de ter visto filmes a mais!! Mas agora que passou, admito que: fui ver onde estavam as facas do acampamento e onde havia paus de madeira com tamanho suficiente para me defender caso fosse preciso. Já tinha um plano de fuga na minha cabeça. Uma estupidez engraçada...
Passada a parvoíce, comecei a tentar interagir e conhecer melhor os locais, que eram os nossos guias e a nossa companhia durante os próximos 3 dias. Tentei, como faço sempre, saber algumas coisas sobre a vida deles, além do óbvio. Quando vou a sítios diferentes do que estou habituado a conhecer, fico sempre muito curioso em saber como são as vidas dos locais. Alguns não falavam inglês, mas os que falavam contaram-me entre muitas coisas que as várias gerações nas suas famílias vivem do Delta - da pesca ou agora do turismo e muitos nunca tinham saído do Botswana. 





O nosso guia - Labour

Com a equipa de guias locais


Tive uma aula particular de Mokoro e cheguei à conclusão que conduzir um é muito mais difícil do que parece! Estive uns bons minutos a experimentar e fui parar ao meio dos caniços várias vezes. Passado algum tempo consegui apanhar finalmente o jeito. 







Durante os três dias, fizemos vários passeios, ou Game Walks que eram nada mais do que Safaris a pé! O passeio é feito em silêncio e a seguir as pegadas e fezes dos animais para os tentar encontrar. Um desses passeios correu muito bem, encontrámos uma família de girafas que andou ao nosso lado durante uma hora! Foi espectacular, muito melhor do que ver de um autocarro. Ali estamos mesmo muito perto dos animais. Depois seguimos um grupo de zebras e wilderbeast (gnus) a menos de 20metros e também alguns hipopótamos (não tenho fotog. dos animais, desculpem). Nunca senti perigo. o guia explicou também que estes animais respeitam o tamanho, e como somos mais altos que eles, somos uma ameaça. Mais uma vez encontrámos uma cobra que pode matar, que não foi por pouco pisada por alguém.









Esta planta tem um fruto que mata uma pessoa em minutos - é usada para anestesias pelos locais


Pegada de hipopótamo 



Numa das noites fomos presenteados com músicas tradicionais cantadas pelo grupo de guias. Durante a madrugada, houve uma tempestade de trovoada e chuva fortíssima mesmo por cima de nós. A tempestade em si foi um espectáculo e em todas as tendas as pessoas ficaram acordadas a ouvir os enormes estrondos que davam a cada 2 ou 3 minutos.







Tempestade a chegar

A experiência no Okavango Delta foi muito boa! Não só as Game Walks, como a experiência em si de estar numa ilha deserta no meio de um rio, andar de Mokoro, foi tudo para mais tarde recordar.









No final dos três dias, pudemos ainda visitar a aldeia onde vivem os meus novos amigos. Achei graça a arquitectura de algumas casas - usam areia dos montes das térmitas e colocam latas de bebidas para a segurar. Usam paletes de plástico a fazer de janelas, entre outras particularidades.


Latas e palete de plástico na parede


O interior de uma das casas





Mokoro é como toda a gente se desloca no Delta, não há outra forma em muitos caminhos

MAUN
Quando voltei do Okavango delta fui a uma cidade chamada Maun, onde era o acampamento nessa noite. Como o Benfica tinha jogado durante o tempo que estive à parte do mundo, estava ansioso para saber se tínhamos ganho o jogo. O autocarro com o grupo que estou a viajar parou numa zona da cidade para fazer compras, então decidi aproveitar para ir tentar saber o resultado. Mas a cidade estava toda sem electricidade. Toda mesmo. Fui a vários sítios tentar ver se tinham um gerador e se eventualmente o Wi-fi funcionava, até que finalmente no Nando's (onde haveria de ser?) me disseram que havia um restaurante na outra ponta da cidade que devia ter. Fui então e descobri que ganhámos! Nesse restaurante, enquanto aproveitava para pôr as notícias em dia, conheci uma família de 4 canadianos, Mãe, Pai, filha e filho de 13 e 11 anos respectivamente. Estavam a viajar durante 9 meses pelo Mundo! Estiveram na Ásia, Europa e agora África. Durante a viagem ensinavam os filhos através do sistema Home School que é comum nos EUA e Canadá. Que grande inspiração o espirito desta família. Os filhos pareciam estar a gostar tanto como os pais desta aventura.
Quando tive de voltar para o autocarro e para o resto do grupo apanhei um taxi que negociei por 0,30€. O taxi começou a andar na direcção oposta e antes que eu tivesse tempo de perguntar porque é que ele estava a ir para ali, ele parou e apanhou outra pessoa, e depois outra! Ou seja, apanhou 3 clientes de uma só vez. Desatei-me a rir e aproveitei para tentar fazer conversa com os outros clientes. Uma delas era esta senhora com a roupa típica do Botswana (que me tentou pedir dinheiro para tirar esta fotografia)





CHOBE NATIONAL PARK
Animais, animais e mais animais!
Se na Namíbia o que vi em termos de animais foi pouco, no Chobe National Park no Botswana foi exactamente o contrário. Durante dois dias, passeei pelo parque e só não via animais se tapasse os olhos!

O programa no Chobe começou com um passeio de barco por um rio (Rio Chobe), onde procurávamos hipopótamos, elefantes a tomar banho e crocodilos dentro e fora de água. Bingo – vimos tudo! Primeiro um elefante aproxima-se de um búfalo que por ali também passava, e como que decide parar exactamente à nossa frente e tomar um banho. Ficou ali mais de meia hora a deitar-se de um lado para o outro, enquanto comia, descansava um pouco e voltava para dentro de água.




Vi vários crocodilos grandes e pequenos, como este








Búfalo, um dos "Big Five"


Este pássaro está a secar as asas depois de mergulhar, fica assim durante uns 5 minutos

Um hipopótamo a mostrar o sorriso












De seguida fizemos o primeiro Safari de jipe no Chobe. Andámos pelas várias zonas do parque, que achei mais selvagem que os outros a que tinha ido. Numa destas zonas, uma planície enorme, fiquei pasmado quando cheguei, pois estavam centenas e centenas de elefantes a conviver com hipopótamos, pássaros, crocodilos. Famílias de elefantes a passear; outros a tomar banho; elefantes bebés a brincar...incrível o cenário.




















A noite no Chobe foi passada dentro do parque, sem qualquer tipo de vedação ou protecção dos animais. A experiência é mesmo essa e após um briefing onde disseram que para ir à casa de banho era melhor esperarmos pela manhã ou ir em pares, jantámos à lareira em mais uma noite linda em África. A tempestade ensurdecedora que recentemente tem vindo a aparecer durante a noite voltou e durante uma hora esteve novamente fortíssima. Em todo o resto da noite os leões fizeram-se ouvir bem alto, pareciam estar bastante perto, bem como elefantes, hienas, entre outros. Dormir dentro de uma tenda a ouvir leões lá fora dá que pensar, mas foi-nos dito que é completamente seguro e nunca houve um ataque a uma tenda, apenas a pessoas fora delas.



Fogueira e marshmallows

No segundo dia o objectivo era apenas um: encontrar leões. Esta é a pior altura para os encontrar, pois o mato está muito crescido e os leões camuflam-se facilmente por entre a vegetação. Após várias horas a procurar, finalmente encontrámos um grupo de 7 leões, incluindo bebés, a devorarem uma jovem zebra que tinham acabado de caçar. A menos de 50 metros, a zebra mãe olhava ainda com esperança de poder salvar a sua cria, não sabendo que já estava desfeita. É triste mas é a natureza! Ainda vimos vários tipos de antílopes, bem como chacais e dezenas de búfalos.

Um elefante com cinco pernas


Pumba
Águia Vitória



O único grupo de turistas que encontrámos - estamos em época baixa


E finalmente:







Dois leões depois de devorarem uma zebra





O próximo destino é o Zimbabwe...